Textos da Internet

24.6.06

 

"A crítica" ainda existe? (II)

Augusto M. Seabra

No seu Fio do Horizonte do passado dia 6, Eduardo Prado Coelho (E.P.C.), falando de editores, e em concreto de Valter Hugo Mãe da Objecto Cardíaco, qualificava João Pedro George de "débil mental". Não creio que tal qualificação seja propriamente de ordem estilística.
Sobre isso tenho a repetir o que ainda recentemente declarei num tribunal: eu defendo o direito à crítica contundente, incluindo até o que alguns que se sintam atingidos considerarão como ofensa, como desde logo o "direito à blasfémia", mas entendo que nas responsabilidades do exercício da opinião no espaço público é demasiado mesquinho usá-lo para ataques meramente pessoais. A meu ver, é esse o caso.
É parte dos protocolos de leitura, da grelha de entendimento transmitida ao leitor, assinalar também o quadro de uma nomeação. Se E.P.C. ficou incomodado e irritado com o texto que George sobre ele escreveu, e não o quer ignorar, seria preferível que o nomeasse; lembro-me de situações em que respondeu de modo contundente, mas até também com bastante humor. Assim, o entendimento cinge-se a uma descodificação dos que conhecemos esse texto, que aliás figura em "Não É Fácil Dizer Bem", editado pela Tinta da China e não pela Objecto Cardíaco, que publicou sim "Couves e Alforrecas - Os Segredos da Escrita de Margarida Rebelo Pinto".
Como suponho que será óbvio - para mim é-o certamente -, o sistema crítico de Prado Coelho e o método de George, o que foi designada por "crítica bulldozer", têm estatutos incomparáveis. Mas também o longo percurso crítico e intelectual de E.P.C., inclusive autor de uma obra de referência, "Os Universos da Crítica", me levam a dizer que o seu exercício quase diário de opinião nas páginas deste jornal se está a tornar com cada vez maior frequência penoso e mesmo pernicioso, nem que seja pelo desgaste das formas e das fórmulas.
Mas a violência dos propósitos não deixa de indiciar também um quadro mais geral de discursos. Talvez a possamos designar por "síndrome Vasco Pulido Valente". Com isto intento referir-me a uma situação em que os locutores e detentores de discurso público e opinião publicada protestam, rezingões, contra "o país", ou "este país".
Com patentes diferenças entre eles, e num caso até explícitas, deparo-me contudo, num recente período de referência, lendo este jornal de 03 a 11/06, com ordens homólogas em opiniões de Pulido Valente, Prado Coelho e José Miguel Júdice, não tendo até faltado os contributos da editora de política, São José Almeida, retomando também ela "a choldra" queiroziana, ou, emitido de outro modo, o discurso sangrento de Filomena Mónica no lançamento do "Dicionário Biográfico Parlamentar" (ainda que desta retenha sobretudo a entrevista no "Diário de Notícias" de 07/06).
Ao falar em "síndrome Vasco Pulido Valente" e em discursos "rezingões", refiro-me a uma ordem que é identificável, nos termos mais simples e simplistas, com "dizer mal". Adequa-se ela à mais lata ordem mediática no modo imediatista como se apresenta "em conflito", senão respondendo mesmo a uma voracidade sanguinolenta. Mas também molda um quadro atrofiador, pouco propício à reflexão e, como tal, também às mediações propriamente críticas.
De resto, acrescento, o "método George" não deixa de ser em parte também uma decorrência desta ordem. "Não É Difícil Dizer Bem" é título sintomático, em deslize para uma outra formulação do "dizer mal", com raios e coriscos. Como Rui Almeida Araújo da extinta "Periférica" já tinha assinalado num texto, "Efeitos Colaterais da Crítica Bulldozer", esta atrai franjas mais sequiosas de "demolição" que propriamente de "argumentação". E isso é, em última análise, uma negação da capacidade crítica. O que de resto me leva a outros exemplos mais ou menos recentes.
Na sua coluna do "DN" de 31/05, sob o título "O "Código" deles e o nosso", o jornalista Pedro Rolo Duarte escrevia o seguinte:
"O filme "O Código da Vinci" é francamente melhor do que o retrato caricato que a crítica faz sobre ele. Não surpreende: em geral, uma das marcas distintivas da crítica é o culto militante do ódio ao sucesso. Se é muito falado, se envolve cifras astronómicas, se ameaça ser popular, podemos estar certos: os críticos não vão gostar. (...) É certo que nos últimos 20 minutos já me torcia na cadeira - mas qualquer cineasta português necessitaria de seis episódios de quatro horas cada para o mesmo serviço. E mesmo assim não iríamos perceber nada..." Uma tal colecção de estereótipos em tão poucas frases é obra...
De facto eu não sei, nem nunca soube, o que é "a crítica" como entidade, e como tal a estou a referenciar com as devidas aspas. De uma forma radical e taxativa há mesmo uma resposta: "a crítica" é coisa que não existe, como instituição una e coesa; como crítico, mas também como leitor, espero que exista uma pluralidade de posições críticas, com o seu próprio discurso e argumentação.
Posso apreciar um determinado texto crítico ou a posição de um determinado crítico cujas apreciações concretas estão longe de coincidir com as minhas. Em qualquer caso, em matérias que mais ou menos conheço ou não, espero de uma crítica que ela me forneça possibilidades de entendimento e, em última análise, contributos para a formulação de uma opinião própria. E por isso a existência de espaços críticos é inerente a sociedades abertas e ao propriamente designado "espaço público", e por isso, para além de âmbitos académicos e publicações especializadas, a persistência desses espaços na imprensa crítica é também uma das suas condições cívicas.
É certo e sabido que na esmagadora maioria dos casos em que se invoca "a crítica", essa abstracção e redução, é também para a opor a essa outra abstracção e redução que é "o público", com tudo o que decorre de modo tão liminar da citação de Rolo Duarte: "o culto militante do ódio ao sucesso" e as desgastadas anedotas sobre "qualquer cineasta português".
Mas a inerente redução dessa segunda entidade que dá pelo nome de "público" faz-me convocar outro exemplo.
Sucedeu-me folhear a Única do "Expresso" de 30/12/05 e deparar com a coluna Bomba Inteligente de Carla Hilário Quevedo. E que li? "A. O. Scott, do "New York Times", faz uma lista dos dez melhores filmes de 2005. Em primeiro lugar, encontramos "The Best of Youth" de Marco Tullio Giordana. O filme dura seis horas e conta a história de uma família de Roma, durante as décadas de 60 e 70. Pode ser interessante, nada contra, mas, sinceramente, seis horas? Sim, desconfio dessa espécie de maratona adaptada ao cinema. Mesmo com quatro intervalos, no mínimo, ninguém aguenta. Ou se trata de um caso de arrogância ou de talento. É um tipo de filme que todos esperamos que os nossos amigos vejam primeiro." Se é Bomba ou não, desconheço, mas em vez de inteligente é ignorante no exemplo.
"A Melhor Juventude", pois é esse o filme, é um caso de culto também em Portugal. Mais: com as suas duas partes e seis horas, é até o filme que recentemente mais tempo de exibição esteve em Lisboa: 17 semanas primeiro, depois mais 11. O que queria dizer, em nome de quem falava Carla Hilário Quevedo, de que "público", quando dizia que "ninguém quer ver"?
De facto, estes não são só dois exemplos de pré-disposição anticrítica na opinião publicada. São também representativos de uma vasta tendência que está longe de se dissipar e que de resto tem até agora múltiplas manifestações, aliás de variados sinais políticos, na blogosfera, como já várias vezes assinalei. Digamos que é "a escola do "Independente"", com a sua distintiva derisão anti-intelectual.
Que aquele semanário tenha sido, coerente e expressamente, um projecto político de direita que se corporizou em Paulo Portas é sabido. Não deixou, ainda assim, de ter vários patrocínios intelectuais, nomeadamente o de Vasco Pulido Valente. O "discurso anti-sistema", inquietante em qualquer caso, foi também de um facilitismo imediato, parte fundamental do sucesso mas também fonte de anti-intelectualismos e anticriticismos. Aliás, mesmo que em confluência com outros aspectos, os tais "efeitos colaterais da crítica bulldozer" não deixam de se radicar também aí.
Às várias entropias da imprensa escrita limitativas de uma preservação de autonomia de espaços críticos há que acrescentar estas insistentes configurações de discursos públicos, incluindo irritabilidades e mesmo pré-disposições anticríticas.
(continua na próxima semana)
 

"A crítica" ainda existe? (I)

Augusto M. Seabra

1. Estou abaixo identificado como "crítico", prática que há muito exerço como trabalhador independente e praticamente em regime de exclusividade - as outras eventuais actividades decorrendo desse estatuto. Serve o intróito para ser ainda mais claro quem é aquele que vem falar de uma questão que muito lhe importa: o da "crítica" precisamente.
Há algum tempo, falando em concreto da "Judicialização da crítica", fiz também um enfoque histórico e uma primeira abordagem da situação presente, que agora retomo.
Esquece-se com demasiada frequência que noções como "esfera pública" têm a sua origem histórica no conceito de "público", quando os teatros e as plateias pagantes se consolidaram no século XVII, e que a imprensa livre decorre das publicações de goût, de manners and morals, de crítica, que floresceram no século seguinte. Assim se constituiu o "espaço público" - e não é acaso que este texto se insira numa secção assim designada.
O paradoxo da situação presente é o de o regime geral de mediatização das sociedades, e de mercantilização da informação, fazer com que espaços propriamente de mediação crítica, com o que isso supõe de reflexão consistente e prosseguida, tendam a dissipar-se na própria imprensa escrita que teve a sua origem histórica em órgãos de "crítica", substituídos por uma mera intermediação, com apresentação dos novos "produtos" colocados no mercado à disposição do leitor-"consumidor".
Retomo os exactos termos, também porque a reflexão que agora explicitamente se abre estava já então prevista; era contudo meu entendimento que ela deveria ocorrer no momento em que retomasse a outra coluna de "Inclinações", especificamente de crítica ou de reflexão sobre objectos estéticos. Posto isto, fizeram as circunstâncias que alguns factos muito recentes tornassem de qualquer modo inadiável a reflexão.

2. No suplemento 6.ª do Diário de Notícias de 02/06 foi publicada a primeira recensão, de João Céu e Silva, ao recém-editado Retrovisor - Biografia Musical de Sérgio Godinho, de Nuno Galopim. Nas páginas seguintes, o recenseado passava a recenseador, qualificando de "inesperadas desilusões" dois livros sobre António Variações. Acrescente-se que Galopim é o editor desse suplemento, e que portanto directa ou indirectamente fez o destaque de promoção ao livro de que é autor, tanto mais em contraste com objectos equiparáveis, a possível concorrência.
Seria a faúlha suficiente para mais incendiar os ânimos, não se desse o caso de eles se terem eventualmente consumido na polémica do "amiguismo" que assolou a blogosfera em finais de Janeiro, na sequência de um contundente post de João Pedro George no Esplanar sobre uma recensão de José Mário Silva no DN a um livro de um seu colega de várias lides, Nuno Costa Santos, logo retomado, com a visibilidade acrescida, por Pacheco Pereira no Abrupto - polémica que, apesar do enviesamento de termos como desde logo "amiguismo", e algumas outras observações colaterais, teve contributos assinaláveis contribuições de Pedro Mexia, Eduardo Pitta, Osvaldo M. Silvestre e João Sedas Nunes.
Tanto mais me importa então fazer notar que, para além do caso descarado de Galopim, não deixei de notar recentemente outros exemplos passíveis de (pelo menos) dúvida.
A 29/04 figurava no Actual do Expresso uma recensão a Corpo de Cordas - 10 anos de Companhia Paulo Ribeiro de Cláudia Galhós, jornalista e crítica de dança do mesmo semanário. É um objecto problemático, que eu receio que possa inaugurar uma prática perigosa: a "biografia autorizada", em que o biografado "escreve" o seu percurso e o/a escrevente se limita a registar, apartando-se do olhar crítico, que supostamente até era um dos sustentáculos do objecto. Enigmaticamente, a recensão não era da autoria de alguém reconhecido na matéria, mas sim de Jorge Leitão Ramos, crítico de cinema.
Notei também a prontidão com que no PÚBLICO, no Mil Folhas, em semanas seguidas, foram objecto de crítica dois livros de críticos musicais do jornal, Manuel Pedro Ferreira e Cristina Fernandes, tanto mais de assinalar quanto se trata de matéria especializada em relação às quais não é exactamente fácil encontrar pessoas qualificadas e com disponibilidade para fazerem apreciações crítica.
Podia continuar os exemplos.
Sejamos claros: começam a ser recorrentes os casos em que a recensão de livros de críticos de um jornal instauram, porventura até injustamente, uma dúvida de promiscuidade, que afecta a credibilidade de todos - e a credibilidade é uma noção vital à imprensa em geral, à crítica também.

3. Tenho-me ocupado particularmente da questão das "promiscuidades" no decorrer da polémica de "Arte e sistema", pois que o campo das artes plásticas é aquele em que a importância da legitimação crítica ainda é mais relevante, prendendo-se directamente com questões institucionais e valores de mercados. Em coerência, não posso também deixar de estar atento a outros exemplos, mesmo que diferentes.
Há desde logo aqui, senão mesmo um paradoxo, pelo menos uma diferenciação. A persistência da importância dessa acrescida legitimação no campo das artes plásticas ocorre a contracorrente do processo genérico de "deslegitimação" da crítica, isso que me fez escrever que o regime geral de mediatização das sociedades, e de mercantilização da informação, faz com que espaços propriamente de mediação crítica tendam a dissipar-se na imprensa.
Não me importam "amiguismos", nem as amizades me inibem, por difícil que por vezes seja, de exercer crítica, e até mais: na reflexão crítica importam-me cumplicidades que se vão tecendo com certos artistas, sendo isso publicamente assinalado e não obnubilando a apreciação concreta de cada obra ou proposta - por exemplo, por estes dias encontro-me solicitado pela coreógrafa Vera Mantero para um evento no Alkantara. Muito menos me interessa a dissecação de supostos "interesses" e "agendas ocultas".
Importa-me sim questionar como no quadro geral, e tão acentuado em Portugal, de crise da imprensa escrita e de dificuldades de renovação desta, para mais numa situação de dificuldades económicas e de espaço público substancialmente bloqueado por ordens de discurso homólogas, senão mesmo pela multiplicação dos mesmos agentes em diferentes órgãos de comunicação, há 1) uma marginalização informativa do espaço da cultura, 2) uma informação tantas vezes apressada e pouco trabalhada, que transmite com escasso tratamento os diversos discursos "oficiais" e 3), como corolário, uma secundarização da crítica, desde logo pouco considerada nos orçamentos, favorecendo agendamentos de diversas proximidades imediatas. Estas são questões cruciais para interrogar se "a crítica" ainda existe.
N.B. - A continuação deste texto será publicada no Mil Folhas. Crítico

15.6.06

 

Product Placement Deals Make Leap From Film to Books

By MOTOKO RICH
Published: June 12, 2006

Near the end of an early galley of "Cathy's Book: If Found Call (650) 266-8233," a young adult novel that will be published in September, the spunky eponymous heroine talks about wearing a "killer coat of Clinique #11 'Black Violet' lipstick." But in the final edition of the book, that reference has been changed to "a killer coat of Lipslicks in 'Daring.' "

As it turns out, Lipslicks is a line of lip gloss made by Cover Girl, which has signed an unusual marketing partnership with Running Press, the unit of Perseus Books Group that is publishing the novel.

Cover Girl, which is owned by the consumer products giant Procter & Gamble, has neither paid the publisher nor the book's authors, Sean Stewart and Jordan Weisman, for the privilege of having their makeup showcased in the novel. But Procter will promote the book on Beinggirl.com, a Web site directed at adolescent girls that has games, advice on handling puberty and, yes, makeup tips.

By now, television and movie viewers have become used to this kind of thing: when they see sneakers or cars on a show or in a film, they generally assume that these appearances have been paid for by the companies that make the brands.

But product placement in books is still relatively rare. The use of even the subtlest of sales pitches, particularly in a book aimed at adolescents, could raise questions about the vulnerability of the readers.

Many popular young adult novels, of course, already spread references to brands throughout their pages in series like "The Gossip Girl" and "The A-List," although there are no actual product placement deals.

But such deals are not unprecedented. Five years ago, Bulgari, the Italian jewelry company, paid Fay Weldon an undisclosed amount to feature the brand prominently in her novel, entitled — what else? — "The Bulgari Connection."

In that instance, Bulgari actually commissioned Ms. Weldon, a well-known British author, to write the novel. But with "Cathy's Book," the authors had already written it when Mr. Weisman's agents at Creative Artists Agency showed the manuscript to Maurice Coffey, a marketing manager at Procter & Gamble.

Mr. Coffey had already been in contact with C.A.A. about other promotional deals. And Mr. Weisman, a co-founder and partner with Mr. Stewart in 42 Entertainment, an interactive marketing company, had also been talking to Mr. Coffey about doing some separate work for Procter.

Mr. Coffey, meanwhile, passed the manuscript on to Bob Arnold, interactive marketing manager for Beinggirl.com and Aimee LaFerriere, the interactive marketing manager for Cover Girl.

The novel, a surprisingly lyrical addition to the teen-lit genre, features Cathy Vickers, a 17-year-old aspiring artist who is trying to learn why her boyfriend, Victor, has dumped her. Aided by her feisty best friend, Emma, Cathy comes across a series of increasingly troubling clues suggesting that Victor may or may not be dying of a fatal illness, be connected to the Chinatown underworld or be part of a biotechnology conspiracy — not to mention be a possible murderer.

"It was very hard to put down," recalled Mr. Arnold, who said he passed the book around to colleagues who were excited about a potential marketing partnership.

Mr. Weisman said that he and Mr. Stewart were comfortable with the association because they believed it would not fundamentally alter their creative content. "We had already put in these drawings where Cathy was giving makeup tips on how she dresses when she wants to behave like different parts of herself," said Mr. Weisman, who helped conceive the plot and characters for the book, while Mr. Stewart, an award-winning science fiction and fantasy writer, wrote the text. "So, it seemed like there was a natural connection there."

Some of the changes that the authors and illustrators, Cathy Brigg and Shane Small, have made since the partnership was struck include altering a drawing entitled "Artgirl Detective" to "Artist! Detective! UnderCover Girl" and changing a generic reference to "gunmetal grey eyeliner" to "eyecolor in 'Midnight Metal.' "

Mr. Arnold said that Cover Girl had never had a promotional relationship with authors or publishers before. But with "Cathy's Book," he said, "the integration was a no-brainer. We thought we could help out and hopefully become part of the story as well."

Beinggirl.com will begin promoting the book in banner ads on the site in August, Mr. Arnold said, with links to cartoons drawn by Cathy's character. But, he said, the site would strive to "keep the fiction away from reality."

From a marketing perspective, said Michael Watras, chief executive of Straightline International, a New York strategic branding agency, "it's a great concept."

"It doesn't cost the cosmetic company anything," he said. If readers "can get into the character and look up to her in some way, then I think it's a home run."

The authors were perhaps more at ease with the product placement idea because of their own backgrounds in marketing. In fact, the idea for "Cathy's Book" grew out of work the pair did on Steven Spielberg's movie "Artificial Intelligence: A.I." to create a promotional campaign based on planting hundreds of clues on the Web, on cellphones, on billboards and in newspapers, leading people to put the tips together to form a coherent narrative.

With "Cathy's Book," although Mr. Stewart has written a self-contained textual narrative, Mr. Weisman also created a series of clues that are included in a so-called evidence pack that will come with the book in a sealed plastic envelope filled with photos, post-it notes with phone numbers scrawled on them, pages from a date book, birth and marriage certificates and letters. There will also be a business card for a fictional "online consultant" at Beinggirl.com.

Hints to most of these documents are embedded in the novel, which also contains Web site addresses and phone numbers that readers can access for extra material. The telephone number on the book's cover, for example, leads to an outgoing voicemail message from Cathy.

"What we are selling here to the customer or the reader is an experience that transcends the book itself," said David Steinberger, president and chief executive of Perseus, the publisher. "The relationships with Beinggirl.com and Cover Girl are enriching that experience."

Those relationships will be fully disclosed, Mr. Steinberger said. Right on the copyright page, Cathy, in character, thanks Beinggirl.com and Cover Girl for their work to "help me get the message out."

Mr. Stewart said the authors did not include any branded mentions they felt were inconsistent with the existing narrative. "I had strong feelings about the kinds of things I was willing to have in the book and the kinds of things I absolutely was not willing to have in the book," he said.

At one point, recalled Mr. Weisman, Mr. Arnold of Beinggirl.com sent the authors some advertisements for feminine hygiene products and "said 'What do you think about Cathy annotating an existing ad for Tampax or Always?' " The authors drew the line at that. "We said while that might be very funny, we think that would be very far over the edge," Mr. Weisman said.

But some booksellers are concerned that the precedent is an unwelcome one. "I'm not crazy about it," said Carol Chittenden, owner of Eight Cousins, a bookstore in Falmouth, Mass., and the children's book buyer for BookStream, a book wholesaler in Poughkeepsie, N.Y. "Once you're under contract to include certain kinds of things, then that narrows the editorial possibilities greatly and has a huge influence over the nature of the writing and the nature of the story."

Mr. Steinberger of Perseus said that so far, the response to the book had been based on the quality of the writing and the novelty of the Web and phone clues. He said the book had already been sold in five foreign countries and that plans for an initial print run of 30,000 had been increased to more than 100,000 copies based on bookseller response. "There's a risk in putting so much emphasis on the Cover Girl relationship that it comes across as a crass commercial project," he said. "But it's not."

14.6.06

 

asdasd

asdasd

Archives

fevereiro 2004   março 2004   abril 2004   maio 2004   junho 2004   julho 2004   agosto 2004   setembro 2004   outubro 2004   novembro 2004   dezembro 2004   janeiro 2005   fevereiro 2005   março 2005   abril 2005   maio 2005   junho 2005   julho 2005   agosto 2005   setembro 2005   novembro 2005   dezembro 2005   janeiro 2006   fevereiro 2006   abril 2006   maio 2006   junho 2006   julho 2006   outubro 2006   janeiro 2008   maio 2008   setembro 2008   outubro 2008   novembro 2008   janeiro 2010  

This page is powered by Blogger. Isn't yours?