Textos da Internet

31.3.05

 

Mais de 70 blogues criados todos os dias em Portugal

Há mais de 37 mil diários activos com a grande maioria a visar a actualidade

D.S.
F.M.Os efeitos da blogosfera também se fazem sentir em Portugal, onde o fenómeno ganha cada vez mais adeptos, depois de ter sido lançado, com servidores nacionais, no ano de 2003, cerca de seis anos depois da invenção do conceito de blogue, em 1997.

O universo dos blogues do Sapo, um serviço lançado há menos de um ano e meio, soma já perto de 37 mil blogues activos, sendo que não são contabilizados os 'adormecidos', aqueles que não são actualizados há mais de três meses. Em média, o servidor da PT recebe 76 novos blogues por dia, geridos na sua maioria por mais de um autor. Os temas de fundo e os tipo de registo são diversos mas a grande maioria centra-se na actualidade, segundo fonte relacionada com aquele serviço.

Também em Portugal se verifica uma aproximação entre blogues e os media tradicionais. João Paulo Menezes, jornalista da TSF e autor do blogue Blogouve-se, entende que os diários "não são uma concorrência à comunicação social, quanto muito serão um complemento", explicou ao DN. Em causa está o facto do blogue ser "um meio muito ágil" e "um fenómeno importante de estudar, devido à simplicidade de vários factores cósmicos", refere.

João Paulo Menezes sublinha ainda que a actual blogosfera "é uma revolução" na comunicação e que pode conter "algumas raízes da comunicação social do futuro, sendo o meio ideal para pequenas estruturas". Quanto ao alargamento dos media convencionais à blogosfera, o jornalista refere que tal se deve apenas a acções de marketing. "Não é uma necessidade estrutural à sua essência".

Sobre a entrada de jornalistas neste meio, Menezes sublinha a necessidade de ser definido "um limite, que será a esfera da sua profissão", apesar de ser "tudo ainda muito novo. Isto é ainda um bebé".

Além do servidor do Sapo, os bloguistas portugueses registam os seus diários no Weblog.com.pt, apesar de muitos autores escolherem ainda os servidores internacionais, como o Blogger ou o Weblog. Apesar de haver diversidade na escolha, "não há concorrência entre estes serviços". Tudo porque a comunidade de bloguistas "criou um espírito de colectividade", como explica a fonte ligada ao serviço Sapo. Este espírito está assente nas hiperligações entre os blogues. Qualquer cibernauta pode assim navegar neste universo, saltando entre blogues de vários servidores.

EXEMPLO. A provar o sucesso da blogosfera a nível nacional está o exemplo da campanha eleitoral para as legislativas de 20 de Fevereiro. A convite do portal Sapo, os partidos com assento parlamentar, à excepção do Bloco de Esquerda, aceitaram o desafio de manter um blogue activo de 24 de Janeiro a 20 de Fevereiro. Os resultados foram surpreendentes. A mesma fonte adianta que 275 mil pessoas visitaram pelo menos um dos blogues dos candidatos, além de que estes figuraram sempre, em dias de semana, entre os cinco blogues mais visitados deste servidor.

Este sistema de comunicação aberto apresenta mais uma forma de aproximar o leitor do emissor ao permitir a comunicação um-para-um e um-para-muitos e a respectiva interactividade, conseguida através dos comentários.
 

Revolução da blogosfera pode criar um novo poder

Diogo Sousa
Filipe Morais

A liberdade de expressão ganhou uma nova amplitude com a massificação da blogosfera, que se posiciona como concorrente dos media tradicionais. A facilidade de utilização e a capacidade de chegar às massas permite que os conteúdos emitidos sejam, muitas vezes, informativos, apesar de não serem espaços de jornalismo. A polémica está lançada.

Rogério Santos, professor universitário, entende que "os blogues também podem ser um sítio de informação, mas sem o crivo do jornalismo". O docente diz "não acreditar que os blogues sejam concorrentes dos media tradicionais, porque não seguem o princípio do contraditório e não fazem referência a fontes", sendo "sobretudo uma nova forma de expressão de quem escreve. Os blogues são principalmente individuais e esse é o seu grande problema". A questão do anonimato da maioria dos blogues retira-lhes credibilidade, pelo que "não são um paradigma de jornalismo". No entanto, tendo em conta que estão 'dentro' da Internet, "é possível que venham a ser uma nova forma" de media, disse ao DN.

Para o jornalista José Pedro Castanheira, "os blogues já podem ser um sistema de vigilância à comunicação social tradicional. Podem ser um instrumento eficaz, mas também podem ser veículos de informações falsas", afirmou ao DN. A principal questão relacionada com os blogues prende-se com a autoria, "se são ou não anónimos", acrescentou.

Os blogues têm trabalhado a informação sem limites, legais e deontológicos. Podem também agir como vigilantes e censores à informação dos media. Esta capacidade pode vir a transformá-los num novo poder. José Pedro Castanheira entende que actualmente "não há uma situação em que se estabeleça uma relação de concorrência, talvez de complementaridade, com a opinião".

Estes diários pessoais na Internet são já vistos como uma revolução na forma de comunicar, acessíveis a qualquer pessoa, mesmo com poucos conhecimentos técnicos. As suas ferramentas de edição aumentaram, em muito, a massificação do fenómeno, que cresce cada vez mais por todo o globo. O servidor Blogger incita à concorrência com os media, afirmando que estes diários "são a voz dos seus autores na Web", virados para "audiências de milhares", onde "jornalistas profissionais e amadores podem publicar breaking news".

Na blogosfera há já casos onde foram lançadas importantes informações que depois chegaram à comunicação social. Em 1998, o Drudge Report abriu o precedente, ao anexar informações do caso Monica Lewinsky antes da Newsweek, o primeiro media tradicional a abordar a polémica. No recente fórum de Davos, um post no blogue oficial daria origem à demissão de Eason Jordan, ex-editor da CNN e responsável pela cobertura da guerra do Iraque, que numa intervenção nunca cedida pela organização acusou os militares norte-americanos de alvejarem propositadamente jornalistas. Rony Abovitz, empresário convidado, estranhou a indiferença dos media e decidiu, no seu primeiro post de sempre, comentar o episódio. O blogue conservador Captain's Quarters e a publicação National Review deram-lhe voz e até à publicação no Washington Post, Wall Street Journal ou o New York Post, foi um passo.

As críticas de juristas democratas e a defesa de Jordan, por parte de David Gergem, um republicano, comprovaram que os posts podem e são utilizados para fins não políticos, servindo cada vez mais para criticar os media.

Dan Rather, figura emblemática da CBS, também foi vítima da blogosfera, por usar documentos falsos, retirados de um blogue.

Em Portugal, o blogue Random Precision, de Luís Grave Rodrigues, denunciou a nomeação de Branquinho Lobo para a direcção nacional da PSP, depois de já ter sido aposentado por incapacidade devido a uma doença do foro psiquiátrico. A informação em primeira mão valeu-lhe a citação como fonte em notícias dos jornais Expresso, Correio da Manhã e Público.
 

The Blogger's Primer


Aaron Brazell


Aaron has been creating Websites and applications for four years. He has run or participated in several Web hosting companies and is dangerously close to becoming Red Hat Certified. He has taken to building and maintaining his own blog at Technosailor.com, which has a niche focus that mostly covers the topics of politics, technology and, of course, blogging. He is also the brainchild behind WPJunkies.com, a WordPress-oriented community blog that's being launched.



Aaron Brazell has written 9 articles for SitePoint with an average reader rating of 7.7.




View all articles by Aaron Brazell...


The Blogger's Primer


By Aaron Brazell

March 29th 2005

Reader Rating: 8.6




For many, blogs are a part of life. You might keep your own blog or choose to visit several other blogs through your daily reading. You may even sit back and think, "Gee, I'd like to blog but I just don't think I'd be any good at it." This article aims to give you a good jumping-off point from which you can successfully launch yourself into the blogosphere.



A blog is not a technology, a technique, or a cool trick. A blog is form of content site; what's important is the information it presents, and the ways in which that content meets the readers' needs.



Burgeoning bloggers need to consider first the areas on which they'll blog, and which audience or reader the blog be suited to. The next consideration is to ensure that your blog can be easily found by readers, through search. The technology behind the blog, and the platform on which its based, is the final part of the equation.



Given such a content-centric order of priorities, this article will take a slightly unorthodox approach. First, we'll briefly explore the concept of the blogging: what it is, and why people do it. We'll then discuss readership, and how your blog content can be used to attract and retain a targeted readership. Once that's done, we'll look a little more closely at one of the key means of attracting readers: search. I'll explain a few of the techniques that can ensure your blog is crawled and indexed by the search engines. Lastly, we'll discuss the question of blogging platforms. There's a wide range of blog software on the market, but hopefully this discussion should help you choose a tool that suits your needs.



Why Blog?




Blogs are, very simply, "Web logs" that document, usually in a personable way, relevant occurrences, happenings and events, the way a personal journal might record occurrences in an individual's everyday life. The critical aspect of blogs is time: blogs tend to be updated frequently (perhaps every few days), and they often present content that is time-relevant.



Other than that, blogs are an open format. Around the Web, you'll find blogs that focus on just about every topic you can name. Some blogs -- Little Green Footballs [1] or Instapundit Glenn Reynolds [2], for example -- consider political issues.



Chaplain Lewis [3] and A Baghdad Dweller [4] look at the war effort from different perspectives. Johnny Gulag [5] and Root Prompt [6], like the SitePoint Blogs [7], bring Web development topics to the world. Other blogs are no more than the personal diaries of individuals. Basically, if you have an interest that can sustain frequent "reportage," then you might consider blogging about it!



Whatever the topic, certain universal principles apply to how blogs are most effectively implemented and managed. Let's consider those principles now.



Readership




To begin, let's look at one of the more abstract and intangible aspects of blogging: readership. What is it? How do we get it? Where do readers come from? These questions are important, as it's the readers that keep blogs alive.



"Readership" refers to the visitor-base of your blog: its audience. In this section, we'll consider readership from two angles. First, we'll see how your can attract readers to your blog; second, we'll discuss the ways in which you can retain those readers and encourage them to make repeat visits to your blog in the future.



Acquiring Readers



You have an interest, and, through your blog, you want to share your thoughts with all those people around the world who share that interest. But, how can you reach these interested people? What will prompt them to visit your blog?

Bloggers have at their fingertips a number of tools that can help them establish, and continue to build, a solid readership.



Word of Mouth



Most Americans, Canadians, Australians and Europeans now have access to the Internet. Many use the Web from home, but those who don't are often able to get Web access at work, through Internet cafes, and so on. This means that you can easily tell your friends, family and -- most importantly for blog growth -- other bloggers about your new blog. You'll be surprised how many people are interested in what you have to say, and would go out of their way to read your blog... if they only knew you wrote.



Other Blogs



One of the most effective ways to promote a blog, which costs no money at all, is to read other blogs. The blogosphere is literally filled with other people covering topics that are similar, or related, to yours. Find those blogs. Read them. Comment on their entries. Link to their stories. Contribute to them and they may contribute to you.



There's a key difference, however, between contributing to a blog and merely creating a message as a vehicle to link to your own blog. This may be a post to the effect of, "Hey, I wrote about this on my blog at www... Go see it!" Bad, bad, bad. Such posts are called comment spam; they're frowned upon, and are almost always weeded out by the blogger.



Trackbacks and Pingbacks



Perhaps one of the most misunderstood concepts among bloggers are those of trackbacks and pingbacks. Without getting too technical, trackbacks are a method by which one blog notifies another that it has referenced a post on that blog. Many blog entries will provide a "trackback URL" -- a specially formed URL that can be used by Blogger A to notify Blogger B that his or her post has been referenced on Blogger A's site. You would not use this URL to link visibly to a post on another blog, but, depending on the blogging platform you use, there may be a way to include trackback URLs in your entry.



Pingbacks are very similar to trackbacks, though they require no interaction from you. Not all blogging platforms support pingbacks. WordPress [8] supports it, and Textpattern [9] was working on something very close to it the last time I checked. Pingbacks can more easily be understood as a technique that allows the "auto-discovery" of blogs that have linked to yours without using trackback.



Consistent Content



One of the rules I use in linking to other blogs through my own "blogroll" (a sort of list of friendly or related blogs) is that those blogs have to be updated at least once every other week. This is minimal. Preferably, the bloggers I link to will post content every few days; ideally, they'll post every day. Everyone understands that people have lives outside of their blogs and sometimes may take vacations or lose the motivation to blog for a short time. But, on the most successful blogs, content is posted every day or every other day. This keeps things fresh. It makes readers want to come back every day to find out what you have to say today.



Of course, all of these techniques take time: they don't create success overnight. Successful bloggers are persistent. Developing a readership takes time. The truth is that no one will know about your blog until they are somehow made aware of it. The magic comes when people start finding out about your blog, bookmarking it, and coming to visit regularly.



The methods above will get visitors in the door, which is an important first step. But they won't keep readers coming back. Let's discuss reader retention now.



Retaining Readers



There is one thing, and one thing only, that will keep your readers interested: content.



Think about some of the sites that you visit every day. Why do you visit them? Maybe you visit CNN.com [10] every day because you want to know what's going on in the world today. Perhaps you visit Yahoo! Fantasy Sports [11] because you've started your own fantasy sports team. Or perhaps you stop at Fark [12] for a daily laugh.



Whichever way you look at it, whatever the sites you visit, one thing is true: we visit sites that give us something in return for our time and effort. For this reason, it's important to provide good content regularly to keep your reader interested in coming back.



So what defines "interesting" content? What will hook your reader? Here are a few answers.



Current Entries



By "current entries" I mean entries that are relevant to today's issues. If you keep a tech blog, you will probably have poor results if you write about Windows '98. Very few people use Windows '98 -- or care about -- Windows '98 now. They care about Windows 2000 and XP. So perhaps your time and effort might be better spent focusing on those operating systems. If you like to write about politics, you probably won't get much in the way of readers if you talk about George Bush's (41) tax hike of 1993, though politics is a funny animal and you might just prove me wrong.



The bottom line is to keep your content focused on and relevant to life today.



Relevant Entries



This is similar to the first point, but with a twist. There are two kinds of bloggers: those who blog for themselves, and those who write for others. The first kind of blogger writes as an outlet for themselves; the second type tries to meet the readers' needs. The problem comes when the first type tries to be the second type and fails.



It takes time to establish a readership. If that's your ambition, great -- but walk before you run. Be prepared to put in the effort and be excellent in what you do as a small-time blogger. Focus on your readers -- address topics they want to read about, and make your posts relevant to their experiences -- and success will come in time.



Proper English



This is a pet peeve of mine: bloggers who like to write in camelcase ("I wEnT 2 ThE mAlL aNd HuNg OuT wItH Jj") and bloggers who don't have a firm grasp on the English language ("dat" is not a word. Neither is "holla").



Blogging is all about writing. Your writing may be the only way your readers may ever know you, so don't allow your writing to let you down. If the only thing your readers know about you is that your last blog post was uneducated, unplanned, directionless drivel, your reputation may be hurt for a long time.



Be Yourself



Sun Microsystems sums this up very well in its corporate blogging policy [13]:



Another way to be interesting is to expose your personality; almost all of the successful bloggers write about themselves, about families or movies or books or games; or they post pictures. People like to know what kind of a person is writing what they're reading. Once again, balance is called for; a blog is a public place and you should try to avoid embarrassing your readers or the company.



In other words, talking about yourself is okay! It's encouraged! But I don't want to know about your trip to the mall unless something about it impacts me -- be it a funny exchange or something you may have encountered that speaks to something in my life.



Superficially, blogging seems an easy thing to do. But it's a little more difficult (though it's not necessarily difficult) to blog well. Blogging takes effort and concentration. All the effort that you put into your blog will be transparent to the world outside. You may have the best design on the Web, created by a world-renowned designer who has provided all the eye-candy you can think of, but if the content isn't relevant, that design won't make a shred of difference. Your eye-candy might win a few click-throughs, but it's not going to keep them.





Building For Search




Now, let's go into the more technical aspects of blogging. Here, we'll consider some of the underlying aspects of search technologies, search engines, and what I like to term "smart code", or "smart HTML." As a blogger, it pays to understand some of these concepts in at least a basic way.



There is a key difference between the visual Web that most humans see and interpret, and the semantic Web that computers interpret. Since the Googles, MSNs and Yahoo!s of the world are computers, it's a good idea for the blogger to try to see the world through their eyes.



Incidentally, this argument can easily spill into another area of Web development that's at the forefront of conversation these days: accessibility. I'll try to avoid that particular topic here, to instead focus on how blogging can be affected by poor markup, including poor linking, and poor post subject lines.



Markup



Markup is the HTML and CSS we use on Websites -- the styling behind our sites. Most blogging platforms handle most of the markup in terms of themes, stylesheets, templates, and so on, which does reduce the blogger's markup burden. However, you do control your blog entries. You decide which words will be italicized, boldface, or (God forbid) blinking.



Search engines such as Google and Yahoo! read your site from top to bottom, left to right, and ignore the things they don't understand. Some of the most important features that they do understand are:



<h1> - <h6>



These are header tags. Most blogging platforms give you space to enter a subject line, which then becomes the heading for the entry. This is pretty transparent, but some people may want to put other headings within their entry. This is perfectly fine, although certain factors should be taken into account. Search engines interpret header tags as headings (naturally) and, thus, as being very important. Headings are prioritized: <h1> is the most important and is usually reserved for page headers and titles. <h2> is less important than <h1>, but more important than <h3>, and so on. For what it is worth, the most commonly used entry header in WordPress [14] is an <h2>; entries that use headers should use the <h3> tag and below.



The content of these titles is considered very important in search, so it should be used to effectively attract search engines. Use descriptive text for your titles and you'll achieve better search results. A subject titled "Another Day" will not be likely to receive many hits. However, a subject such as, "Microsoft has Ruined Another Day", will achieve significantly more hits (including mine!).



<a>



The anchor tag is the key ingredient in a hyperlink. Now, if you coded a link like this, <a href="http://www.espn.com">ESPN.com</a>, the link will appear as: ESPN.com [15]. But it's important to remember that search engines look very closely at the text of links, in this case, "ESPN.com". This description tells the search engine -- and your users! -- what the linked page is all about, and serves as a keyword for searches. Use your text wisely to garner the best search results, and you'll attract a greater readership. Also, be sure to link often and to lots of places. The more you link, the more reciprocal links (links back to your site) you'll receive.



Tag Semantics



A good place to get a basic idea of standards-compliant HTML is at W3Schools.org [16] or, if you are a glutton for technical reading, the official XHTML 1 Transitional Spec [17]. However, some of these sites don't explain why a given tag matters more than some others. Once, if a user wanted to display font as boldface, they could simply use the <b> tag, which meant "bold." On the semantic Web, this tag is replaced by <strong>. To the human eye, they do identical things, but on the semantic Web, the difference is much more apparent.



The difference lies in the concepts of display and emphasis. "Bold" simply means "boldface the selected font." "Strong" means "put a "strong" focus on this as a point of importance." The same is true with the <i> and <em> tags. They both display as italics, but the <em> tag denotes a special emphasis.



Search engines pick up on these nuances. If the blogging software you use endeavors to maintain standards-compliance, they may provide you the tools to help you write compliant entries. WordPress, for instance, provides Quick Tags that can be used for this purpose.



Permalinks



This term is a fancy word invented by bloggers to denote the absolute URL to a single entry. It's a permanent link at which the story can be found even after six months have passed and the story has disappeared off the front page of the blog.



Some search engines don't like URLs that incorporate a lot of variables, for instance, <a href="post.php?post_author=administrator&post_id=474">Permalink</a> This link can be described as a non-search engine friendly URL: many search engines don't see anything past the ?.



MoveableType [18] and WordPress [19] both offer methods of creating search-engine friendly archives and URLs. But even if your software does not provide an easy method to do this, so long as the site is hosted on a non-Windows server running a mod_rewrite-enabled Apache server (which, quite honestly, describes most Web hosts), then search engine friendly URLs can be generated. It won't always be easy, but it can, and really should, be done.



There's a lot that can be done to create a blog that will be well-indexed, and earn a good Google PageRank and Yahoo! position. But in addition, effort will need to be made to incorporate keywords -- "buzzwords," if you will -- into your posts to ensure that you will be recognized by the search engines for making topical posts. This is by far the most critical aspect of blog growth, as far as I'm concerned. It pays to take an extra minute to make sure all your links use descriptive text, your headings aren't vague, and, perhaps, that they aren't too specific either (which can narrow your search audience)!



Blogging Platforms




What's a blog without software? Let's take a look at some of the platforms available to the blogger, and see what you can expect in the way of installation and maintenance tasks, monetary investment, and ease of use.



MoveableType [20]



MoveableType, or MT as it is commonly referred to, was the de facto blogging platform used for years on many blogs. It is well-developed and has a huge user base from which plugins (small scripts that enhance the functionality of the system) and templates can be drawn.



MoveableType has recently lost a large number of users to other blogging platforms due to an alteration to the product's licensing. The 2.6.x stream makes use of some older technologies, but is freely available as a piece of software that can run multiple blogs, have multiple authors, and is free. However, with the release of the 3.x version of the software, licensing restrictions have cost MT quite a few users. The makers still provide a free version, but it's limited to a single author powering no more than three blogs.



No official support is provided for the product. MT offers supported versions starting at $69.95 [21], depending on the scope and size of the blog. On the plus side, they have incorporated a feature that allows for the creation of dynamic pages -- a feature which significantly speeds up a blog. With the 2.6.x version, and the standard install of 3.x, pages had to go through a "Rebuild" process after every entry; this could take a long time as blogs grew and contained more entries.



MoveableType is available for install on your own hosting space, but I'm warning you right here and now… at times, it can be very difficult to have it installed. Because MT is written in Perl, it's crucial to check and make sure that every one of the necessary libraries is available on your server, and that every file has correct permissions based on its install location. Recently, I installed an MT-powered blog and spent 3 hours on the task. Unless you have time and patience, this may not be the right software for you.



TypePad [22]



TypePad is essentially a hosted version of MoveableType. A new user signs up for an account from $4.95 per month [23], and is supplied with a blog almost instantaneously. Features include mobile blogging, TypeList features (the ability to keep personalized lists of your choice), photo management, Trackback support, valid out-of-the-box XHTML, and more. They do offer a 30 day free trial and no setup is necessary.



Blogger [24]



Blogger is a Google-owned platform that is fantastically easy for beginners to quickly jump right into. It's free, and it takes new users only a few minutes to register and get the system up and running. There is also the added benefit that users can host their own Blogger-powered blog or allow Blogger to host it for them.



I have found a couple major issues with Blogger. Corporate networks using methods of network analysis and monitoring, such as SurfControl [25], like to flag most Blogger blogs as adult sites. Added to that frustration is the fact that, for readers to comment (and remember: commenting is the currency of the blogosphere), they must register an account with blogger or be satisfied commenting as 'Anonymous'. I typically recommend users avoid Blogger.



WordPress [26]



WordPress is fast becoming the most popular blogging software available. WordPress is freely available, supports unlimited users and is also available in a (misnomer here) Multiuser version [27], which can be used to power multiple blogs with different administrators, much like MT's multi-blog setup.



WordPress provides a huge user base with a considerable amount of support via its Forums [28], Codex [29], and plenty of user blogs all over the Internet. WordPress's plugin and theme systems are simplistic and installation can be done in the user's own Web space in as little as 2 minutes.



The downside of WordPress is (in my opinion) the disorganization of the various WordPress-sponsored mailing lists, forums, bug trackers, CVS, SVN… the list goes on. But that's the WordPress organization issue; not a problem with the software itself.



Textpattern [30]



Textpattern is a maturing platform that has a slight learning curve when it comes to expandability. Some of the key features on which many bloggers rely are opposed, on principle, by the developer of this software -- particularly trackbacks. It, too, is a free software app and can be used on the blogger's own Web space.



Summary




Blogging is a learned art, but the learning curve is not steep. And quite certainly, in your blogging experience, you will pick up on things that I have not picked up in mine.



While the abundance of platforms makes getting into a blog easy, it won't make your blog successful. Before you start downloading software, think about what your blog will focus on, who you're writing for, how you'll meet their needs, and how regularly.



The blogosphere is a growing industry, with more bloggers coming out of the woodwork every day. I hope you'll be one of them!






[1] http://www.littlegreenfootballs.com/weblog/weblog.php

[2] http://www.instapundit.com/

[3] http://chaplain.blogspot.com/

[4] http://www.roadstoiraq.com/

[5] http://www.blog.cssbasics.com

[6] http://rootprompt.org

[7] http://www.sitepoint.com/blogs/

[8] http://www.wordpress.org/

[9] http://www.textpattern.com/

[10] http://www.cnn.com

[11] http://fantasysports.yahoo.com/

[12] http://www.fark.com

[13] http://www.tbray.org/ongoing/When/200x/2004/05/02/Policy

[14] http://www.wordpress.org/

[15] http://www.espn.com

[16] http://www.w3schools/org

[17] http://www.w3.org/TR/xhtml1/

[18] http://www.moveabletype.org

[19] http://www.wordpress.com

[20] http://www.sixapart.com/movabletype/

[21] http://www.sixapart.com/movabletype/pricing

[22] http://www.sixapart.com/typepad/

[23] http://www.sixapart.com/typepad/pricing

[24] http://www.blogger.com/start

[25] http://www.surfcontrol.com/

[26] http://www.wordpress.org/

[27] http://mu.wordpress.org/

[28] http://wordpress.org/support/

[29] http://codex.wordpress.org/

[30] http://textpattern.com/



28.3.05

 

"Os paneleiros 'hádem' morrer todos"

Maria admite que ao princípio "estava contra", e só ia para acompanhar o namorado. "Mas quando entrei nas casas de banho e vi os preservativos, os lenços de papel, até esperma no chão... Fiquei revoltada. Podem-se apanhar doenças, ali. Há famílias que se servem daquelas casas de banho... E ouvi dizer que há pessoas com sida que lá vão." Dir-se-ia que para esta rapariga de 26 anos, como para os amigos, a sida se transmite por contágio visual. Ou, diz um deles, "pelo suor".

Trabalhadores do sector primário e secundário sem mais que a escola de lei, estes rapazes e raparigas de feições espessas, rurais, exibem sem filtro as convicções. Para eles, o nome certo da coisa é abominação. "Deus fez a mulher para o homem." Num sorriso envergonhado, os olhos sempre suspensos no namorado, Maria repete a catequese. Se alguma vez lhe passou pela cabeça ter um filho homossexual? Abana a cabeça, confusa. "Se sair ao pai, não é de certeza." À queima-roupa, o prospectivo pai dispara "Eu sou sincero: mais valia afogá-lo logo no rio."

amor que não ousa dizer o nome. Foi numa noite de Inverno, no fim de 2004. O carro estava num ermo à saída da cidade, quieto, luzes apagadas. Um cerco súbito de faróis no máximo e motores rugidos estremece os ocupantes, vultos perscrutam o interior do carro. Depois, tão depressa como chegaram, desaparecem. Perplexos, a mulher e o homem levam tempo a remediar o susto. O romance clandestino ia aca- bando mal. Mas não era esse tipo de clandestinidade que os outros procuravam.

É do "amor que não ousa dizer o seu nome", como escreveu há mais de um século Oscar Wilde, que eles andam à procura. Mais concretamente, dos engates ou encontros sexuais de ocasião entre homens, como os que há muito ocorrem numa zona de descanso no IP5, ao pé de Viseu. A mesma que, numa notícia publicada em Outubro num diário nacional, foi referida como uma área "de prostituição masculina" em relação à qual o presidente da câmara Fernando Ruas (PSD) manifestava a intenção de solicitar um reforço de policiamento (intenção que, diz agora, nunca concretizou, já que tem "total tolerância por essa inclinação sexual" e condena "aquilo que vem a lume na Imprensa como perseguição a homossexuais"). Uma zona que Carlos, 39 anos (o nome, como quase todos os mencionados nesta reportagem, foi alterado), frequentava. Até que, numa bela noite de Outono, "estava no carro com um amigo quando fomos rodeados por uma série de automóveis, que nos barraram a saída".

contas a ajustar. Vultos masculinos cercam-nos, enquanto nos veículos, nota Carlos, "ficam umas moças, a observar". Sem escapatória, tranca as portas. "Ali estávamos, muito quietos, mortos de medo, sem perceber nada." Os homens, entre os 20 e os 30 anos, batem no carro, gritam insultos. "Era paneleiros, filhos da puta, eu sei lá. Urinaram-me o automóvel todo, riscaram-no... Ameaçavam com pancada e repetiam 'os paneleiros hádem morrer todos, havemos de correr com eles daqui para fora'." Ao longo dos 45 minutos que, garante , o episódio durou, ligou para a GNR: "Disse que havia indivíduos a ameaçar-me e a danificar-me o carro, e eles nada."

Depois, continua Carlos, "deixaram-nos sair. Dirigi-me para o posto da guarda, onde me receberam muito bem, dizendo que havia muita gente a queixar-se do mesmo". Mas, garante, aconselharam-no a "esperar" antes de avançar com a queixa, porque "tinha meio ano para decidir se queria ir com aquilo para a frente". Retrospectivamente, acha "estranho". Mas terá seguido o conselho, como quando, de acordo com o seu relato, foi abordado pelos mesmos indivíduos no centro de Viseu num sábado de Janeiro. "Diziam 'Foste fazer queixa, temos contas a ajustar.' Ofereceram-me porrada, e eu ala para a esquadra da PSP, com eles atrás." Mais uma vez, "suspendeu" a queixa. "Ainda estou a pensar se devo ou não avançar, eles são pessoas perigosas, de muitas represálias."

querem que eu morra? Relatos como o de Carlos não são difíceis de obter, em Viseu. E há até histórias de horror um homossexual teria sido queimado com pontas de cigarro, a outro teriam apontado uma pistola à cabeça... Mas estas, que empalidecem episódios como o de Carlos, não são assumidas por ninguém. Porque são falsas ou porque a vergonha e o medo falam mais alto?

Certo é que queixas "efectivas" contra um grupo com as características do descrito só há quatro, todas na PSP. Na GNR, que tem a intendência da zona de descanso do IP5 onde a maioria dos casos se terá dado, nem uma para amostra. Aliás, o tenente Ferreira, comandante do posto, garante que nunca o grupo de indivíduos em causa foi, sequer, identificado. Isto apesar de vários testemunhos - incluindo os dos membros do grupo - certificarem que as visitas à zona eram quase diárias. "Que quer que lhe diga", diz o tenente. "É fácil reconhecer as nossas viaturas, as pessoas podem fugir..." Quanto ao "conselho" alegadamente dado a Carlos, fica interdito "Isso é muito estranho." Já a PSP terá logrado, por duas vezes, identificar os alegados agressores. Uma das queixas, relativa a uma ocorrência de Dezembro, terá já, de acordo com o comissário Lopes Ferreira, "seguido para o tribunal". As outras três, apresentadas pela mesma pessoa, estão ainda em investigação.

Quem as apresentou está agora impedido de falar devido ao segredo de justiça. Mas antes, "por ver que a polícia não ligava nenhuma", decidiu "chamar a SIC". Na reportagem, emitida em meados de Fevereiro, após dois dos alegados ataques de que foi alvo, Manuel, de 30 anos, narrava como, na noite de 11 para 12 daquele mês, tendo estacionado o seu carro no centro de Viseu, junto ao tribunal, se viu, com dois amigos que transportava, "cercado de automóveis, que me trancaram a saída". Seguem-se as pancadas no carro, ameaças, insultos. "Eram 20 ou 30 à nossa volta. Liguei para a polícia duas vezes. À segunda, meia hora depois da primeira, estava histérico. Só gritava 'Querem que eu morra?'" Tempos depois, entre as quatro paredes de casa, num jantar de amigos, Manuel, em encarnação perfeita do Nelo de Herman José, faz do drama uma comédia hilariante: "Um dos meus amigos só se persignava. 'É hoje! De hoje não passamos!"

Só quando Manuel tem a ideia de começar a anotar as matrículas das viaturas dos atacantes estes se afastam e o deixam sair dali. Vai direito à esquadra. "E os outros sempre atrás de mim. Chego, apito que nem um louco, e nem um polícia aparece. Vou lá eu e que vejo? Três agentes todos descansados a ler o jornal. 'Què que foi?', dizem eles." Envergonhado de ter de se assumir como homossexual, Manuel hesita. Perguntaram-me três vezes o que me tinham chamado... E eu, muito baixo paneleiro." Sentindo-se mal, pede para ser escoltado ao hospital, já que os agressores continuam lá fora. "Os polícias saíram comigo e nem se deram ao trabalho de os identificar."

o "pretenso gang". Só no terceiro encontro de Manuel com o grupo, já após a reportagem televisiva, a polícia responde prontamente ao seu pedido de socorro, identificando cinco homens e duas mulheres. Mas antes, narra Manuel, é mais uma vez ameaçado "Ai que reportagem tão linda na SIC! É hoje que vais morrer."

A visibilidade do caso determinou protestos vários, sobretudo de associações ligadas à defesa dos direitos dos homossexuais como a ILGA Portugal e a Opus Gay. A 22 de Março, a associação Olho Vivo e as Panteras Rosa/Frente de Combate à Homofobia deram uma conferência de imprensa em Viseu, acusando as autoridades locais de não terem feito tudo ao seu alcance para debelar os atentados contra os homossexuais. Uma frase do comandante da PSP local - "estas situações acontecem a quem as procura" - é mote para a suspeição de uma certa bonomia em relação aos agressores.

Agressores cuja existência parece, de resto, não ser inteiramente admitida pelas polícias. A 23 de Março, a Lusa citava o mesmo comandante, que garantia "não estar confirmada, para já, a existência de um gangue organizado de 30 pessoas". E o governador civil, em comunicado do mesmo dia, falava de "um pretenso gang que andaria nos últimos tempos a perseguir cidadãos de determinada inclinação sexual". E prossegue "Em Viseu, vive-se, felizmente, um clima de segurança que permite aos cidadãos em geral viverem de forma tranquila e com normalidade, salvo raríssimos casos pontuais de reduzida dimensão".

Seja lá o que for um gang (ou gangue), e seja lá o que for o conceito de organização implícito na ideia, esta dezena de viseenses que às 11 horas da muito fria noite de 22 de Março se encontra com o DN numa zona deserta da cidade fez questão de surgir assim, "em grupo" "Ou falamos todos ou não fala nenhum." Mesmo se são menos de dez e garantem que "são muitos, às vezes mais de 40", assumem-se como um colectivo que age com um objectivo comum: "Limpar esta porcaria" . A "porcaria" são "os paneleiros", que "metem nojo". "Haviam de morrer todos", repetem. "Um homem que tem sexo com outro não merece viver."

Não obstante, certificam que "nunca ameaçaram ninguém de morte, ao contrário do que esse mentiroso disse à SIC", e " não terem nada contra os homossexuais". Só querem "acabar com o nojo do IP5", onde um deles terá sido assediado. "Fui à casa de banho, vem um gajo e mete-me a mão no coiso. Levou logo um malhão." Virá daí o espírito da milícia, alimentado em conversas de café. "Começámos a ir lá todos os dias."

em vez da polícia. Nascia assim, há meio ano, uma peculiar forma de diversão. A "brigada anti-homossexual", como a crisma o mais brincalhão, cujo pai surge a meio da conversa e fica a assistir, encantado. "Claro que sei o que o meu filho faz." Não é excepção "As nossas famílias sabem e concordam. Só dizem para termos cuidado." A crer no grupo, não são as únicas forças vivas da cidade a dar-lhes a bênção. Certos de que a maioria do povo de Viseu está do seu lado, insistem ter também o apoio das polícias. "Estão fartos de saber o que andamos a fazer. Fomos identificados muitas vezes, já nos revistaram os carros... Alguns até dizem que como eles não podem fazer nada, fazemos nós." Convicto do mandato, o namorado de Maria faz manifesto: "Temos o direito e o poder de agir em vez da polícia." Um dos camaradas ri: "Somos tantos que eles nem sabem... Os polícias e nós."

Este "eles" inclui o homem da queixa mediática, as suas testemunhas e quem os apoiar. Mesmo se aqui todos desconsideram as consequências do processo. "Não vai dar nada. É a nossa palavra contra a deles. E se ele sabe mentir, nós também sabemos." O mal, lamentam, "foi não lhe darmos umas porradas". Como fazem a todos os que "resistem". "Se se viram a nós, levam". Enlevados na epopeia, arriscam confidências. A história preferida, pela sua moral, é a do homem de meia-idade "que fizemos despir-se todo e andar nu, de um lado para o outro, no parque do IP5". No fim da lição, quando lhe entregaram a roupa, "ele agradeceu. Disse que tinha mulher e filhos e que aquilo que ia ali fazer era uma vergonha." Os olhos do justiceiro brilham mais, em triunfo e comoção. "Disse que devíamos fazer o mesmo a todos. Vê?"
Fernanda Câncio

Paula Cardoso Almeida
 

Jornalismo narrativo

Melhores caminhos de escrita estão em evolução e podem trazer novos leitores


Na crónica anterior Alfredo de Sousa, professor, referiu-se à aproximação da escrita jornalística e da escrita literária "Sou dos que advogam que se deve escrever correctamente o português de forma a aproximar o jornalismo da literatura, utilizando as mesmas figuras de estilo ao dispor de quem escreve e, sobretudo, de quem esmera a escrita."

Jornalismo e literatura são campos gémeos, pois repousam na escrita, na análise das sociedades e na intervenção no espaço público. Se um romance pode dar retrato perene da sociedade, "um bom jornal é a nação a falar para si mesma", diz Arthur Miller, dramaturgo.

Reflectir sobre este tema lembra a relação de muitos escritores com o jornalismo e de muitos jornalistas com o mundo literário. Em Portugal, evoca-se Eça de Queirós e Ramalho Ortigão ou Fernando Assis Pacheco e Baptista-Bastos, por exemplo. Inês Pedrosa começou no jornalismo, hoje é escritora reconhecida, tal como António Manuel Pina, dois entre muitos casos. Há autores consagrados simultaneamente nos dois campos, como Ernest Hemingway, correspondente na guerra civil de Espanha ou Georges Orwell (ver Bloco-Notas).

Uma das vantagens de colocar lado a lado jornalismo e literatura é comparar a escrita jornalística com a escrita ficcional. Ambas são construções simbólicas, pois elaboram-se a partir da linguagem, símbolo entre os símbolos. No entanto têm éticas diferentes o leitor espera factos descritos com verdade no jornalismo, mas não tem essa expectativa num romance. Sabemos que muitos romances foram forjados na experiência do escritor, caso de Hemingway com Neves do Quilimanjaro, nascido de expedições africanas. Noutros casos, essa experiência directa não existe Augusto Abelaira contou-me, numa entrevista, que o seu mais festejado romance "A Cidade das Flores", passado em Florença, foi escrito sem que o romancista tenha pisado solo italiano. Ora, um jornalista que finja ter estado em Itália e escreva uma reportagem será despedido, se trabalhar num media digno. Recorde-se o caso de Jason Blair, no The New York Times, jornalista que forjava as reportagens e as fontes e que teve esse destino. Ou seja, a ficção e a realidade são sempre relatadas por narrativas, por construções simbólicas. Mas umas, as da ficção, não têm que ser verdadeiras ou adequadas à realidade (ver Bloco-Notas). Pelo contrário, a narrativa jornalística precisa de a reflectir, de ser verdadeira. No sítio do Sindicato dos Jornalistas lê-se "É certo que houve Pulitzers para histórias falsas, mas a existência dessas comissões (de verificação de factos) imprime ao jornalista um certo receio de ser descoberto caso ficcione um trabalho jornalístico", afirmou José Mário Silva. Admitindo que já se sentiu tentado a rematar uma reportagem com uma frase fictícia, o jornalista da DNa, revista-suplemento do Diário de Notícias, diz no entanto que nunca o fez, dado que "é preciso respeitar o pacto do jornalismo com a verdade".

Esse pacto com a verdade é uma característica estrutural do jornalismo. Para os leitores o problema é fulcral. Para os jornalistas também. Mesmo que a verdade possa - e deva -ser questionada alcançar- -se-á alguma vez? Ou contará mais a sua procura? E poderão os modos da escrita jornalística evoluir para formas mais literárias, como sugere o leitor?

Alguns nisso apostam. Quem? Por exemplo a Nieman Foundation at Harvard University (http //www.nieman.harvard.edu/narrative/) e a prestigiada escola francesa Sciences Po, que enveredou pelo ensino do jornalismo recentemente. Em Junho, as duas instituições organizam o que consideram "o primeiro seminário profissional na Europa" dedicado a este assunto. Na brochura de divulgação o jornalismo narrativo é situado com chamada aos pioneiros como Eugene Sue ou Mark Twain. Refere-se o renascimento nos anos 60 com Truman Capote, Norman Mailer e Tom Wolf (ainda recentemente Pedro Mexia escreveu no DN sobre o "novo jornalismo"). E lembra-se a sua penetração nas redacções dos jornais americanos, do The New York Times e do Washington Post aos jornais locais, revistas e outros media.

O jornalismo narrativo é caracterizado como próximo do documentário em muitos dos seus métodos "A estória é documentada com factos e conferida com as regras éticas do jornalismo. Mas o relato é apresentado de forma narrativa, com cenas, personagens, diálogos, uma voz e mesmo uma forma de resolução." Explica-se ainda que o trabalho jornalístico apresenta não só os factos (o senhor X morreu às 08.13) como também se refere aos acontecimentos que convergem para tornar esses factos relevantes (o assassinato do senhor X pode estar ligado com a dinâmica de violência no bairro). O jornalismo narrativo é apresentado como podendo envolver uma compreensão intelectual dos problemas, mas também pode revelar a sua dimensão emocional e provocar mesmo uma relação mais íntima com os acontecimentos.

Também se pensa que esta dimensão do jornalismo é muito útil para a compreensão de questões de grande complexidade como a globalização ou o impacto de uma lei. Da leitura atenta do programa do seminário fica-se com a ideia que as formas de escrita estão em evolução e podem trazer novos leitores.

Será uma boa ocasião para alguns jornalistas portugueses poderem desenvolver novos horizontes na escrita. Ou, talvez, melhorarem caminhos que já iniciaram.

Como parece ser o caso de Fernanda Câncio e Paula Cardoso Almeida que, no sábado, assinavam, no DN, um trabalho sobre a milícia que persegue homossexuais em Viseu. Impossível não ver algumas semelhanças entre o que foi escrito por estes jornalistas e o que se aflorou.
Provedor dos leitores

José Carlos

Abrantes

e-mail provedor2004@dn.pt

25.3.05

 

Um profeta não consegue prever tudo

Ana Machado



Ávido consumidor de ciência e amante das viagens, Júlio Verne foi herdeiro do século das luzes, em que o espírito científico e a capacidade humana de invenção ultrapassaram todos os limites.
Era no brilhante século XIX, embalado pelo optimismo da revolução industrial, que Júlio Verne bebia inspiração para os visionários romances onde antecipou muitos dos grandes passos tecnológicos dados no século XX.
Contudo, o homem que previu o fax, a televisão, a teleconferência, as armas de destruição maciça e o helicóptero, entre outros, não previu o computador, que marcou a segunda metade do século XX e que veio alterar drasticamente o rumo da história da ciência. Assim como também não previu a Internet.
Entusiasmado com o rumo científico do seu século, que viu nascer a fotografia, o cinema e o automóvel, e viu a electricidade e os combustíveis fósseis substituírem o vapor, Júlio Verne bebia a inspiração nas recentes criações científicas, esboçadas ou até já realizadas, para encher de inovação as suas obras.
Mas também é certo que, por vezes, a imaginação, sempre fundamentada na ciência da época, extravasou a realidade. Os veículos fantásticos de Robur, em Robur, o Conquistador, capazes de voar, rolar em terra e no mar, não passaram para além das tramas fantásticas da escrita de Ian Fleming, com James Bond.
Os túneis transatlânticos para viajar, elogiados como o meio mais rápido para alcançar os Estados Unidos a partir da Europa, no conto Um Dia de Um Jornalista Americano em 2890, também são ainda hoje do domínio do imaginário - apesar de o túnel da mancha, idealizado ainda no século XIX, ser já hoje um pouco desse sonho tornado realidade.
 

O futuro visto pelos cientistas

A energia das estrelas na palma da mão
Armando Vieira
Físico do Instituto Superior de Engenharia do Porto
Lisbonopolis, Março de 2105, 17h30. Viriane apressa-se a sair do CFTN (Central de Fusão Termo-Nuclear). Esta central fora um investimento dispendioso, mas finalmente tinha sido domada a energia mais poderosa do Universo - a fusão nuclear, a mesma energia que alimenta as estrelas. Com uma capacidade de 50 gigawatts, o gigantesco tokamak gerava energia eléctrica para o país inteiro - energia limpa e segura. Viriane sentia uma tontura ao pensar nessa energia toda, sobretudo quando a dela estava tão em baixo nessa sexta-feira. Entrou no carro. Antes de avançar deu um "sim" à rota proposta pelo computador de bordo. O motor eléctrico fez deslizar suavemente o automóvel pelas ruas movimentadas. Embora o trânsito estivesse tão compacto como a matéria esmagada num buraco negro, a poluição era imperceptível. A potência eléctrica era fornecida pelas pilhas de hidrogénio e dos escapes de exaustão saia apenas um inócuo vapor de água.
- Mãe, tenho um desenho para ti - disse o seu pequenote quando ela chegou a casa. Na mão segurava um papelinho com uma grande bola amarela.
- Sabes o que é, mãe?
- Não faço ideia.
- É a energia que tu e o pai precisam para viver.
- Já sei. És tu depois de comeres um bolo amarelo gigante! - respondeu a mãe, com um sorriso e dando-lhe um beijo na carita.
- Não. É o Sol - disse o pequeno, apontando para os painéis solares que cobriam o terraço.


Da Chinatown marciana
para a exploração
de planetas extra-solares
José Saraiva
Especialista em geologia planetária do Instituto Superior Técnico
Continua a batalha legal sobre a colonização de Marte. Apesar de virtualmente derrotados desde há 25 anos pela presença da colónia chinesa, os advogados da Mars First! lutam ainda pela erradicação da presença humana no planeta vermelho, e pela sua devolução aos verdadeiros marcianos, mesmo que apenas micróbios.
Prossegue a viagem da sonda tripulada Iuri Gagarin pelo sistema solar exterior. Depois da exploração do oceano de Europa e da prolongada estadia no sistema de Saturno, a tripulação prepara-se agora para explorar Tritão, o grande satélite de Neptuno. Há mais de 20 anos que nenhuma sonda se aproxima deste mundo.
As multinacionais que apresentaram maiores lucros no ano passado foram as que possuem estações de mineração automática na Cintura de Asteróides, bem como as que exploram hotéis na Lua e nos pontos lagrangeanos.
O Centro de Astronomia Extra-Solar, da Lua, anunciou que está prestes a terminar a pré-selecção dos sistemas candidatos à primeira missão automática de exploração extra-solar. Entretanto foram descobertos no ano passado mais 31 planetas do tipo terrestre orbitando estrelas até 100 anos-luz do Sol.


Alerta no Atlântico
Miguel Miranda
Director do Instituto Geofísico
Infante D. Luís
O sistema de alarme tinha estado invulgarmente calmo toda a noite. Só os pequenos sismos habitualmente detectados na crista média, entre os Açores e a Islândia, acendiam aqui e ali um pequeno ponto luminoso no monitor. Foi quando o responsável de turno se virou para enviar uma mensagem electrónica a quem o iria substituir, que o indicador de pressão do nodo submarino 0314 começou a subir rapidamente. Sabia as coordenadas de cor: 28.45 N, 17.52 E, junto ao flanco oeste de La Palma. Manteve a calma e olhou com convicção para os restantes sensores enquanto o sistema de alerta inundava os monitores com uma sucessão de mensagens:
2095.04.01.22:15: TSUNAMI PROVÁVEL DE DIMENSÃO REGIONAL A OESTE DE TENERIFE
2095.04.01.22:16 ACCIONADO O SISTEMA REGIONAL DE ALERTA DAS CANÁRIAS
2095.04.01.22:19 TSUNAMI PROVÁVEL DE DIMENSÃO GLOBAL
2095.04.01.22:19 ACCIONADOS TODOS OS SISTEMAS DE ALARME DO ATLÂNTICO NORTE
A catástrofe tantas vezes imaginada, tantas vezes modelada, chegaria dentro de 60 minutos à costa. Não conseguiu impedir o movimento automático de olhar pela janela. Apenas escuridão.
O info-futuro está
nas nossas mãos
Paulo Veríssimo
Departamento de Informática da Faculdade de Ciências de Lisboa
No info-futuro, haverá chips em sítios que não nos passam pela cabeça. No nosso próprio corpo, ao longo das estradas, nos oceanos e na atmosfera, nas paredes da nossa casa. A maior parte desses chips será capaz de "ver", "ouvir" e "falar", connosco (com os "nossos" chips!), através de ondas (de som, luz, rádio).
Se tudo correr bem, o info-futuro é risonho, trará a inteligência ambiental: um meio ambiente activo, capaz de cooperar connosco em vários sentidos, de melhorar a nossa vida e de nos ajudar a preservá-lo. Milhões de pequenos objectos sensoriais flutuantes no ar, semi-submersos na água, ou enterrados na crosta terrestre, "previrão o futuro", tal será a acuidade com que reagirão antecipadamente a sinais premonitórios de cheias no Tejo, tempestades na Nazaré ou terramotos em Faro. E se as coisas correrem mal? Esses inconspícuos sensores poderão espiar os nossos menores movimentos, ou serem arregimentados por criminosos ou ciberterroristas para servirem os seus obscuros desígnios. Chips implantados em máquinas ou humanos poderão ter comportamentos maliciosos. Mas está ao alcance dos humanos fazerem as coisas correr bem. Para isso basta saberem construir o info-futuro.
Açores 2105, um arquipélago de robôs
António Pascoal
Especialista em ciências do controlo e robótica marinha do Instituto Superior Técnico
Sentado na sala de controlo, Ricardo esticou as pernas e deixou o olhar passear pelo Pico a furar as nuvens, do outro lado do Canal. Com um olhar certeiro fez o laser reflectir na pupila e activou os monitores do sistema de vigilância marinha da Espalamaca. A parede cobriu-se de imagens alimentadas pela rede de comunicações opto-acústicas do complexo dos Açores. Duas milhas para lá do Monte da Guia, viu os cilindros gigantes do gerador submerso da Feteira, imponentes contra o fundo azul. Imaginou no interior o movimento vaivém dos êmbolos provocado pelas ondas. Com um movimento da cabeça apontou a câmara para o solo marinho e examinou o cabo de transporte de energia para o Faial. Do campo de fontes hidrotermais Rainbow, na dorsal Atlântica e a mais de dois quilómetros de profundidade, chegaram-lhe imagens da frota de mini-exploradores autónomos ocupados na colheita mensal de bactérias para a GeneTec e na manutenção do complexo observatório de grande profundidade. Com outro gesto, ligou-se às câmaras do transportador automático do hotel submerso da Guia. Dois cachalotes afundavam-se lentamente, acompanhados de perto por bolas azuis minúsculas contra a massa dos animais em movimento. Accionou o telezoom e distinguiu nitidamente numa das bolas tripuladas a sigla BioCach. Sorrindo, pressionou um código da equipa de biólogos marinhos e debruçou-se sobre o microfone. A 100 metros de profundidade, no interior do seu habitáculo azul, Luís foi distraído pela mensagem que iluminou o transmissor global de pulso: "Que tal um Ginto no Petar ao fim do dia? Bom trabalho!" Ricardo levantou-se em direcção à porta. Na sala ouviu-se um som seco quando os sapatos se libertaram da tomada eléctrica no chão.


Antevisão póstuma, numa homenagem a Júlio Verne
Mário Barbosa
Coordenador do Instituto de Engenharia Biomédica, Universidade do Porto
O melhor tributo a Júlio Verne seria, com o conhecimento de hoje, imaginar que a ciência de amanhã tornará possíveis longas viagens, mas com a alegria da primeira, como se em cada instante da vida tivéssemos acabado de entrar na Belle-Roulotte do saltimbanco César Cascabel. Deixarmos para trás, como a cobra, a pele velha, e as rotinas que a envelheceram numa infusão de tédio, regenerando o corpo e a alma cansados.
Hoje, num pacote turístico, uma volta ao mundo em 80 dias seria um fastio, e não faltarão agências a anunciá-la em 40. Duas vezes mais depressa. Viajar, comunicar - duas vezes, dez vezes mais depressa - e multiplicar a vida pelos mesmos factores. Contar muitos anos, mesmo que haja pouco que contar no fim. Sopram-se cada vez mais velas de centenários, tantos que já não dão direito a 30 segundos no telejornal. Nas sociedades modernas, a vida é uma viagem cada vez mais longa. Mas fazer uma viagem longa parece ser, tantas vezes, a única alegria da viagem.
Júlio Verne não foi só um sonhador de viagens, ou um imaginativo escritor de ficção científica. Júlio Verne aliava conhecimentos da geografia, etnografia, zoologia, botânica e tecnologia com uma capacidade imaginativa que dá aos seus romances o odor do quase-real, da mentira em que se acredita, porque reflecte a antecipação do possível.
Júlio Verne foi um viajante que conheceu a Escócia, a Inglaterra, a Escandinávia e a América. As cinco semanas em balão são publicadas no mesmo ano (1863) em que Nadar fez subir o seu balão O Gigante. Dez anos mais tarde, Verne experimentaria a extraordinária sensação de pairar acima do mundo num balão, de sentir o que seria esse pequeno passo se a ele se seguissem milhões de passos iguais que o transportassem à Lua, como antecipara em 1865, quando é publicado Da Terra à Lua.
Poder-se-ia dizer que Júlio Verne foi um observador atento, curioso, informado e minucioso. Que iria registando os inventos que iam mudando a noção de tempo e espaço, como a locomotiva, a lâmpada de Edison, o telégrafo, o fonógrafo, o cinematógrafo, a navegação submarina, entre muitos que surgiram no século XIX. Isso faria dele um historiador ou um divulgador de ciência. Mas ele foi além da realidade visível, prolongando-a num imaginário possível, como o sonho que confunde quando acordamos, tacteando o capítulo seguinte no vazio do quarto, quase jurando que sempre estivera ali ao lado.


2105 no Planeta Azul
Rosa Doran
Astrofísica do Observatório
Astronómico de Lisboa
Mais um magnífico pôr de Sol, que privilégio temos nós os habitantes do planeta Terra. E pensar que há apenas 100 anos ninguém imaginava que conseguiríamos preservar este pequenino ponto azul. Sentada à beira-mar pergunto-me: como foi que conseguimos? Sem dúvida as missões tripuladas aos planetas do sistema solar, todos fascinantes mas nenhum tão rico como o nosso, tiveram um grande impacto. Talvez as crescentes descobertas dos milhares de planetas extra-solares, todos estéreis, tenham sido um bom aviso. Finalmente percebemos que olhar para fora é muito mais importante do que os pequenos desafios do nosso dia-a-dia. Felizmente, algumas pessoas decidiram fazer a diferença, investindo esforços na educação, na investigação e na cultura. As investigações recentes, que apontam para a existência de múltiplos Universos, vão causar uma nova revolução. Mais uma vez evoluímos na nossa percepção sobre o lugar que ocupamos. A Terra não é o centro do Universo, nem tão-pouco o nosso Sol. A nossa galáxia não é a única nem ocupa um lugar privilegiado neste Universo fértil, que sabemos hoje não ocupar um lugar de destaque. Que preciosa a vida, que nos permite chegar tão longe!


A arqueologia feita
a partir do espaço
Cidália Duarte
Arqueóloga do Instituto Português de Arqueologia

Na nave dos Viajantes, Erika estava sentada na sua câmara, buscando explicações para a extinção da espécie humana. Desde que os Viajantes abandonaram o planeta, as hipóteses de trabalho de uma arqueóloga eram remotas, no sentido literal da palavra. O Ramo Científico da Confederação havia aprovado o seu projecto; iriam enviar uma sonda-robô ao local por ela indicado.
No chip que Erika tinha implantado, havia memória de um seu antepassado que dedicara a vida ao tema de anteriores extinções, mas a questão ficara por resolver. Os Viajantes tinham uma enorme vontade de conhecer o passado e pressionavam-na. Parecia-lhes demasiado tarde para obter indícios, mas a busca era constante. Erika explorava exaustivamente o programa, imagens projectavam-se à sua volta, personagens interagiam com ela, as sensações transportavam-na para um mundo "real" mas inatingível. Os seus dedos obesos saltitavam pelas teclas, em busca de respostas, ensaiando cenários possíveis. Se ao menos pudesse ir lá, escavar, crivar, mas era tarde demais, não restava uma gota de água.
 
Júlio Verne tornou-se sinónimo de visionário, mas não foi por magia que o escritor francês adivinhou o futuro; devorava livros e jornais (15 por dia, sempre os mesmos), e nas suas histórias fazia projecções de tecnologia futura baseada nos mais avançados conceitos do seu tempo. Por isso as suas ideias e as gravuras da época estão cheias de um imaginário do século XIX, mesmo quando falam do dia-a-dia do século XXIX... O que uma pessoa pode imaginar, outros podem tornar real JÚLIO VERNE



1855 Benz, um veículo de dois lugares, três rodas e velocidade máxima de 13 quilómetros por hora, é o primeiro automóvel. O seu aperfeiçoamento decorreu entre 1885 e a I Guerra Mundial.


1880 Em A Casa a Vapor Júlio Verne refere um veículo híbrido, meio casa e meio carro.
 

QUEM SÃO OS JÚLIO VERNE DE HOJE?

Três autores portugueses de ficção científica respondem

"Tim Berners-Lee, criador da World Wide Web"

Bom, ele há tantos! Os actuais desafios tecnofantásticos são inimagináveis. Poderia, por exemplo, citar Gregory Benford ou Kim Stanley Robinson, mas a minha preferência talvez vá para o visionário Tim Berners-Lee, que em 1989 criou a World Wide Web para o mundo inteiro comunicar entre si em tempo real, o que foi considerado louco pelos sábios de então! Quem trabalha com a Internet e já não pode passar sem ela, dar-se-á conta de que é muito pouco o que devemos a Júlio Verne, autor de meras "voyages extraordinaires", além do prazer eventualmente proporcionado pela leitura (de alguns, poucos) dos seus livros.
António de Macedo
Autor de As Furtivas Pegadas da Serpente (Caminho), cineasta e professor universitário

"Não existem"
Não existem. Nos dias de hoje, quando a iliteracia impera e o que mais se vende são romances histórico/religiosos, o amor ao positivismo científico parece estar a desaparecer do imaginário colectivo de um número cada vez mais decrescente de leitores. Especula-se sobre a descendência da Maria Madalena e raras vezes sobre a ecosfera de Titã. Os escritores de ficção científica são obrigados pelas editoras, se quiserem a sopa na gamela ao final do dia, a escrever intermináveis variações sobre as fantasias tolkianianas. Estamos num mundo onde triunfaram os Potters e os Dr. Moreau foram votados à clandestinidade. No meio de tudo isto, os "viajantes extraordinários" do Verne insistem em percorrer um planeta por demais conhecido. Mas quem quer saber deles?
João Barreiros
Autor de A Verdadeira Invasão dos Marcianos (Presença)

"Há três herdeiros"
Era mais fácil ser-se Júlio Verne então - um só autor ter a capacidade de explorar, explicar e imaginar a variedade de locais e cenários em que situou as histórias, e passar por visionário. O mundo era mais ingénuo, ou inocente. Agora, que cartografámos de órbita cada centímetro do nosso planeta, e lhe conhecemos o peso, densidade, comportamento, estando a informação democraticamente acessível na Internet, poucos espaços restam ao explorador. (...) Agora, que recriamos visualmente mundos que nunca o foram e que são vistos por audiências internacionais, o imaginário literário sofre uma concorrência desleal. Agora, os visionários fazem conferências sobre o futuro da humanidade, e até se levam a sério. É mais difícil ser-se Júlio Verne, agora. Pelo menos, um só autor. Pelo que proponho três herdeiros, publicados em português: Bruce Sterling (Schismatrix - O Mundo Pós-Humano), pelo extenso conhecimento do mundo moderno; Greg Bear (Rainha dos Anjos) e Gregory Benford (Devorador) pela capacidade de nos transportarem a lugares distantes que a ciência nos afirma existirem; e Neil Asher (Guerra da Evolução) pelo singelo prazer da aventura.
Luís Filipe Silva
Autor de Cidade da Carne e Vinganças, duas partes do mesmo livro (Caminho)
 

As duas visitas a Portugal

João Pacheco



Na noite de 6 de Junho de 1878 Júlio Verne jantou com os escritores Pinheiro Chagas e Ramalho Ortigão e o ilustrador Rafael Bordalo Pinheiro no Hotel Bragança, em Lisboa, célebre por ser o ponto de encontro do grupo Os Vencidos da Vida. Não se sabe muito mais desta primeira viagem, além de que terá visitado o Mosteiro dos Jerónimos e o Coliseu dos Recreios.
Mais tarde, Verne voltou a Lisboa, de novo a bordo do iate do seu irmão e de novo para uma visita breve. Nas duas, porém, aproveitou para se encontrar com autores e tradutores portugueses. E, na segunda estadia, Ramalho Ortigão ofereceu-lhe O Mandarim, de Eça de Queirós.
Estes episódios foram contados na semana passada pelo verniano suíço Jean-Michel Margot numa conferência no Instituto Franco-Português, em Lisboa.
De qualquer modo, as duas únicas referências a Portugal nas dezenas de livros de Verne são lugares-comuns.
Primeiro, o escritor criou uma personagem portuguesa, "pouco simpática" segundo Margot: um marinheiro, como seria de esperar. E deixou que uma outra personagem falasse d"Os Lusíadas como uma obra da literatura espanhola, jogando com o lugar-comum da rivalidade cultural luso-castelhana.
O investigador suíço contou histórias e mostrou recortes de jornais e outros documentos sobre as duas passagens do escritor francês por Lisboa. Além de fazer parte da biografia daquele que é um dos pais da ficção-científica, Lisboa é também uma das etapas da vida de Jean-Michel Margot, presidente da North American Jules Verne Society. Nos anos 60, Margot viveu dois anos em Lisboa, onde ultrapassou a prova de fazer o 7º ano em Português, no Liceu Pedro Nunes. Isto antes de se licenciar em Geologia e ser professor de Ciências Naturais. E muito antes de ir trabalhar para a IBM, nos EUA. Quarenta anos depois regressou agora a Lisboa como convidado da Embaixada da Suíça.
Além de conferencista, Margot é também coleccionador de objectos relacionados com a obra de Verne. Tem mais de 10 mil documentos que reuniu ao longo de décadas, guardados na sua casa de reformado suíço na Carolina do Norte.
Em época de datas redondas, Margot aproveitou para contar um episódio original do comemorativismo português, ocorrido em 1923. Nesse ano, antecipando-se cinco anos à data correcta, a Sociedade de Geografia comemorou em Lisboa os 100 anos do nascimento de Júlio Verne. Entre os oradores, contou, terá estado o aviador português Gago Coutinho.
Hoje, o orador Margot assume uma mensagem contracorrente: "Dizer que [Verne] previu, que foi um visionário... deixem-no ser um escritor: foi um dos melhores do século XIX." João Pacheco
 

O visionário que ainda surpreende

Ana Navarro Pedro, Paris


Há um século desaparecia um gigante da literatura francesa. Com a sua obra ainda hoje por catalogar nos meios académicos, o autor de A Volta ao Mundo em 80 Dias fez sonhar gerações seguidas levando-as a viajar em todo o planeta, dentro da Terra, debaixo do mar e até na Lua

Por Ana Navarro Pedro, Paris

Júlio Verne, que tinha um fraco pela numerologia, essa não-ciência da crença divinatória nos números, talvez encontrasse algum significado oculto nas estatísticas da sua popularidade, neste aniversário da sua morte: 100 anos depois de ter morrido, a 24 de Março de 1905, em Amiens, o autor visionário de Da Terra à Lua continua a ser o escritor francês mais traduzido no mundo, com os seus livros editados em 100 línguas.
Em França, vendem-se todos os anos 100 mil exemplares das suas obras só na colecção Livre de Poche; e desde 1967, as livrarias francesas venderam nove milhões de livros de Júlio Verne.
Os números atestam, em todo o caso, que o escritor continua a encantar graças aos romances que encantaram a imaginação de tantas gerações com um perfume de aventura, descobertas científicas e mundos fantásticos.
Mas, na profusão de homenagens e debates organizados em torno do centenário, uma questão permanece em aberto: que rótulo dar à obra deste profeta do século XIX? Uma importante bibliografia tem sido consagrada a Júlio Verne desde 1978, quando foram celebrados os 150 anos do seu nascimento. A partir daí, a imagem simplista daquele que, durante muito tempo, foi considerado como um "não-escritor", ou apenas como um autor popular para adolescentes, foi consideravelmente revista nos meios académicos.
"Escritor fora de todas as normas", analisa o crítico literário e universitário Pierre Picot na última edição da revista Europe-revue dedicada a Júlio Verne: "Cada um teima apaixonadamente em ler nele o que, no fundo, mais não é do que o reflexo das próprias expectativas: escritor para adolescentes, bardo do progresso técnico e capitalista, libertário mascarado, admirador de heróis das libertações políticas e coloniais, reaccionário racista e anti-semita, homossexual recalcado, misógino, mau pai e mau marido, eterno adolescente dedicado ao culto de rostos femininos juvenis." Eis, pois, em poucas linhas, matéria que chega para um século de batalhas académicas sobre Júlio Verne.
Sem ambiguidades, Pierre Picot assume claramente uma admiração profunda: "Nisto tudo, fica esquecido o escritor laborioso que publicava dois volumes por ano, o fantasista juvenil (...) autêntico inovador no imaginário da modernidade. A sua obra é imensa e reserva muitas surpresas. Júlio Verne é um autor para quem a narrativa de exploração é um pretexto para uma meditação muito poética sobre o desconhecimento de um real que as palavras não conseguem domar."

Editor Hetzel, o encontro-chave
Júlio Verne acreditava que "tudo o que um homem é capaz de imaginar, um outro é capaz de o realizar". Puro produto de um século XIX crente na tecnologia e no progresso, Júlio Gabriel Verne nasceu em Nantes a 8 de Fevereiro de 1828. Passou a infância neste porto do Atlântico, onde acostavam navios carregados com especiarias estonteantes e de onde zarpavam naus para terras desconhecidas. Nantes foi também o porto onde confluíam os negreiros do tráfico de escravos do século XIX.
Mas, para Júlio Verne, foi nesta cidade costeira que a sua imaginação se libertou das amarras: "Sonhava subir aos mastros dos navios, viajava agarrado a eles", escreveu em Souvenirs d"infance et de jeunesse (Memórias da infância e da juventude).
Filho de um solicitador, estava destinado a herdar o escritório do pai. Em 1848, foi obedientemente estudar Direito para Paris, mas descobriu depressa que queria ser dramaturgo. Admirador de Victor Hugo, Alexandre Dumas, Walter Scott e Stendhal, tinha 22 anos quando começou a escrever peças de teatro que serão publicadas na revista católica Musée des familles.
Em 1857, casou-se com uma jovem viúva de 26 anos, Honorine, que já tinha duas filhas e com a qual teve o seu único filho, Michel. Arranjou então um emprego na Bolsa de Paris, para fazer viver o lar, mas continuou a escrever nas horas vagas.
Cinco anos depois, deu-se o ponto de viragem na sua vida e na sua obra, com o encontro do editor Pierre-Jules Hetzel. O editor aceitou o seu manuscrito de Voyage en l"air que, uma vez reescrito sob os seus conselhos, se tornou no célebre romance Cinco Semanas em Balão. A série das 62 "viagens extraordinárias" estava lançada e encontra um sucesso imediato.
O talento do escritor será secundado até ao fim pelo génio de marketing de Hetzel - embora alguns universitários afirmem hoje que Hetzel cerceou a complexidade dos seus romances e os temas universais que acompanhavam personagens como o capitão Nemo de Vinte Mil Léguas Submarinas e de Viagem ao Centro da Terra.

Vinho com folhas de coca
O escritor que fez tantas antecipações audaciosas teve uma vida tranquila. Escrevia todos os dias das 5h às 11h, beberricando frequentemente o célebre vinho Mariani - um Bordéus tinto em que tinham macerado folhas de coca. Perfeitamente legal, este néctar inspiratório contava entre os seus fiéis amadores a rainha Vitória, Erik Ibsen, R.L. Stevenson e Edison. Não obstante, era na leitura das revistas científicas, à qual consagrava todas as suas tardes, que Júlio Verne ia procurar a sua fonte de inspiração, como ele próprio o disse e escreveu.
Depois de ter dado ao mundo uma centena de romances e novelas, Júlio Verne morreu tranquilamente, aos 77 anos, na sua casa de Amiens.

17.3.05

 

Cheers, jeers for ruling on Apple bloggers

John Borland, Staff Writer, CNET News.com

Published: March 14, 2005

A controversial court ruling that could force online journalists to reveal the identity of confidential sources to Apple Computer is drawing both cheers and jeers in legal circles.

Issued Friday, the ruling states that a Web site that published confidential Apple documents could not protect its sources from an Apple inquiry. In this case, the criminal activity of leaking private corporate data trumped reporters' traditional right to protect their confidential sources, the judge said.



Dan Westman, an attorney specializing in trade secrets law, applauded the decision.

"I think it will be extremely persuasive to any other judge in any other court who reads it," said Westman, a partner at Shaw Pittman in Northern Virginia. "I do believe if it goes up on appeal it would be upheld."


But media attorney Peter Scheer, executive director of the California First Amendment Coalition, said the ruling could be destructive to the operation of an effective media.


"It's a thoughtful but seriously wrong decision," Scheer said. "Under this logic, if the Wall Street Journal ran a story about these documents, it could be prosecuted criminally. That's an absurd result."


The decision comes as part of a broader case in which Apple is seeking the identity of unknown people who leaked confidential prerelease product data that was subsequently published on three separate enthusiast Web sites, including Think Secret, PowerPage and AppleInsider.


The sites themselves are not being sued directly in this case. But Apple has issued a subpoena to PowerPage's Internet service provider, Nfox, asking for e-mail and other records that might be relevant to the case. A separate subpoena has been approved by the court that would force AppleInsider to give up any of its own documents that might relate to the identity of the person who leaked the information.

The Web sites, which are being represented by the Electronic Frontier Foundation, say they are covered by the laws that often protect journalists from having to divulge the identity of their sources. Apple argues that the sites are simply publishing stolen information, and should not benefit from those protections. In a separate case, Apple is suing another enthusiast site--Think Secret--directly for trade secret violations.


In his decision Friday, Santa Clara County Superior Court Judge James Kleinberg avoided the question of whether the enthusiast sites qualified for the same legal protections as traditional journalists, saying that Apple's right to protect its secrets trumped any legal protections afforded reporters under state or federal law.


The information about Apple's unreleased products "is stolen property, just as any physical item, such as a laptop computer containing the same information on its hard drive (or not) would be," the judge wrote. "The bottom line is there is no exception or exemption in either the (Uniform Trade Secrets Act) or the Penal Code for journalists--however defined--or anyone else."


Some media advocates were cautious as they digested the decision's impact on Friday. Terry Francke, founder of open-government organization Californians Aware, said the decision could dissuade corporate sources from talking with journalists, but still left open protections for important public issues.


"I would think that an immediate and direct impact...would be to make future leakers of proprietary company information extremely careful," Franke said. "But I don't think it would be nearly as threatening to whistleblowers with social or politically sensitive information as to those with information of a highly technical nature."


But Scheer said the ruling could cripple business reporting, which often relies on confidential sources inside companies.


"Newspapers and television and radio stations could avoid problems by not doing any of the serious reporting that would involve internal records, and only printing the things that corporations wish you to read," Scheer said. "If they did that, we would have a much less meaningful press."
 

Who Is a Journalist?

Anybody who wants to be.
By Jacob Weisberg
Posted Wednesday, March 9, 2005, at 4:17 PM PT

In the Valerie Plame case, two well-known reporters have been sentenced to jail for refusing to rat out a confidential source or sources who told them the name of Valerie Plame, an undercover CIA agent. Lawyers for the two journalists, Matthew Cooper of Time and Judith Miller of the New York Times, are asking the courts to recognize a right for reporters to decline to testify about their newsgathering activities. Failing such a ruling, media outfits including the Times insist on the need for a federal "shield law" that would create a privilege for journalists akin to privileges for lawyers, doctors, and priests.

A majority of states have such media protection ordinances on the books. But there's a big problem with journalist shield laws, which advocates have yet to answer. How do you decide who is a journalist? If you create a privilege that applies to a group, someone has to decide who belongs and who doesn't. That's not so hard in the case of lawyers and doctors, who are credentialed by professional organizations and licensed by the government. But as reporters like to remind one another, they're joined together in something more like a trade or a craft than a profession. Journalism does not require any specific training, or institutional certification, or organizational membership, or even regular employment. It's just an activity some people engage in that is protected under the Constitution.

Even before the advent of blogging, the issue of who qualified as a journalist was a tricky one. Were the pamphleteers of the American Revolution journalists? Was Mark Twain? Is Oprah Winfrey? With the proliferation of new modes of communication online, deciding who is and who isn't a journalist has become pretty much impossible. Thanks to the Web, the Jersey barriers separating amateur and professional authors have been replaced with roundabouts and green lights. Until a decade ago, practicing journalism was an intrinsically expensive proposition, requiring either the ability to make a profit or subsidy from a sugar daddy. Today, a limitless number of people with no institutional backing can establish themselves as reporters, analysts, or commentators, abide by whatever rules they prefer, find audiences of varying types and sizes, and perhaps even earn a living. The old A.J. Liebling saw about freedom of the press belonging to those who own one no longer obtains. These days, freedom of the press is available not just in theory but in practice to an unlimited number of individuals.

In response, many old-line journalists have tried to define their work in a ways that exclude the new aspirants. Insitutionalized journalists argue that bloggers don't do conventional reporting, aren't accurate, aren't responsible, or aren't paid—and hence are not genuine reporters. They fret that the current influx of amateurs will undermine professional standards or that seasoned professionals will be unfairly brought down by an electronic lynch mob, as some posit that Dan Rather of CBS and Eason Jordan of CNN were.

Disregard all such self-interested whining. The breakdown of what once were formidable barriers to entry in the field of journalism is good news for democracy as a whole and for the press itself. The great cacophony of voices in the blogosphere means that more views are being represented, that more subjects are being examined in detail, and that more sunlight shines into institutions of all kinds. Thousands of bloggers ranting from their soapboxes mean that our political culture encompasses bracing debate about everything people disagree about. If you don't like this raucous clamor emanating from cyberspace, you're not really comfortable with democracy.

For journalism, the Internet is having an even more immediate but no less beneficial effect. Blogs and Internet publications have essentially solved one of the biggest worries of the past few decades, that media consolidation is diminishing independence and plurality of voices. At another level, the ability for readers to respond to the mainstream press is raising standards of accuracy, care, and professionalism. Simply put, you can't get away with being lazy or careless anymore, because too many self-appointed patrolmen are trying to catch you jaywalking. The "MSM" is unlikely to embrace competition from bloggers, because what business ever really embraces new competition? But competition is healthy nonetheless both for those who face it and for society as a whole.

Of course, bloggers play games with definitions as well, choosing whatever identity suits them at the moment. In a case pending in California, Apple Computer has subpoenaed three bloggers who reported what the company believes are trade secrets about its future products. The bloggers want to be admitted as part of the journalist class protected under California law. But in an altogether different set of circumstances, bloggers and Web sites facing the prospect of being regulated by the Federal Election Commission take the position that they are neither independent media (which faces one set of restrictions) nor partisan advocates (who face another), but rather belong to a privileged category called "the Internet," which government mustn't tax or touch in any way. A more consistent stance would be to assert that the First Amendment should apply equally to everyone who practices journalism, whenever and wherever they do it, and that political advocacy online should be treated consistently with advocacy offline.

None of this is to say that limited shield laws are an unreasonable way to protect the public's right to know from overzealous prosecutors and bullying corporations. There are also cases where government bodies can't avoid discriminating among journalists and recognizing a de facto hierarchy. Jeff Gannon notwithstanding, the scarce resource of credentials to cover White House briefings or to cross police lines in New York City must be distributed according to some formula. But those who advocate a special legal privilege for journalists must accept that anyone who thinks he's a journalist is a journalist, and figure out how to protect the activity rather than a defined group of people. Properly understood, journalism has never been simply a trade or a profession. In a democracy like ours, it's a basic right.

Correction, March 11, 2005: A sentence in the "Related on the Web" section of this story originally claimed that an article on the Plame case appeared in the January-February issue of the Columbia Journalism Review; in fact "Attack at the Source" was in the March-April issue of CJR.
 

Can democracy survive our media-saturated society?

By Floyd J. McKay



THE suspicions and fears of parents and teachers are now confirmed by the Kaiser Family Foundation, a respected voice in the field of medicine and social issues.

As suspected, young people are spending many of their waking hours absorbed in media of one type or another, primarily television and other forms of visual stimulation. Bedrooms for youngsters ages 8 to 18 have increasingly become media centers, with televisions, CD players, radios, DVD players, video-game consoles and computers with Internet access.

Because there are only so many hours in the day, youngsters are simply packing more media into each hour — multitasking. Outside school, they spend about 6.2 hours a day with media, but much of this usage overlaps — for example, a youngster watching television and surfing the Internet simultaneously — so they are using a combined total of 8.3 hours of media every day, an increase of an hour in the past five years.

The inventive energy of American scientists is being turned on itself, as our distracted teens fail to compete in science and math with peers in other countries. We have created our own nightmare.

Parents have a difficult time even keeping up with the names of the newest electronics (MP3, TiVo, etc.), let alone their effects.

People who work with young adults already know that most of them have the attention span of a fruit fly, and that they are woefully ignorant of world affairs, or even local events beyond the realm of entertainment.

Graduates of some of our finest high schools have shown up in my classes unable to name the century of the Civil War or define rights protected by the First Amendment. But they know all the rap stars and top athletes.

They are obsessed with media — but seldom the news media or serious reading.

Several years ago, we began seeing an increase in college students signing up for journalism or communication majors. Colleagues in other schools noted the same; some schools of communication are among the largest in their universities.

Yet, only a handful of these students want to actually be journalists, working in the realm of news. Even fewer want to be reporters, foot soldiers of the news business.

Most simply came our way, I remain convinced, because they wanted to have something to do with "media" — invariably associated with television, seldom with newspapers or magazines.

Puzzled deans couldn't figure out why journalism, traditionally a low-paying profession, was attracting such interest among the materialistic students of the 1990s.

"Because they are saturated with media, it dominates their lives, and among university majors only journalism or communications seems to have an obvious link to 'media' as they see it," I told my deans.

Steeped in higher-education tradition, they didn't really "get it" or, if they did, they hoped it would go away and these young people would enroll in physics and Romance languages.

I don't think so.

The Kaiser study, "Generation M" (www.kff.org), is hard evidence of the importance of media in the lives of our young people. The explosion of cable television, cellphones with text messaging, video games and iPods has captured them and there is no return. Parental limits on media use do help, the study shows, but they seem like a rear-guard action.

Politicians and other mass-media hucksters are well ahead of parents and teachers. They know image trumps substance in a multitasking world. Farsighted authors (Aldous Huxley's "Brave New World" in 1932, Neil Postman's "Amusing Ourselves to Death," 1985) predicted a society in which a love affair with technology and entertainment stripped us of our capacity to engage in the serious thinking that sustains a democratic society.

We are seeing that right now as young people are the only segment of the population supporting President Bush's privatization of Social Security. Bush delivers his pitch on television, in carefully rigged campaign stops where he gets fawning, uncritical coverage.

Meanwhile, the frumpy old print media is universally blasting privatization, citing studies by respected experts and agencies. Older citizens — who still read — oppose privatization. Bush and his handlers understand the world of multitasking and its impact on harried, distracted young people.

In today's intense, media-dominated society, young people have no spare time to reflect, to think deep or long-range thoughts. They are never away from instant visual stimulation, often a mélange of media at the same time.

In the media-saturated world, the importance of image over substance dominates politics, and big money to purchase media time decides elections.

More ain't better, and our democracy is already feeling the effects.


Floyd J. McKay, a journalism professor emeritus at Western Washington University, is a regular contributor to Times editorial pages. E-mail him at floydmckay@yahoo.com

14.3.05

 

Who Is a Journalist? Anybody who wants to be.

By Jacob Weisberg
Posted Wednesday, March 9, 2005, at 4:17 PM PT

In the Valerie Plame case, two well-known reporters have been sentenced to jail for refusing to rat out a confidential source or sources who told them the name of Valerie Plame, an undercover CIA agent. Lawyers for the two journalists, Matthew Cooper of Time and Judith Miller of the New York Times, are asking the courts to recognize a right for reporters to decline to testify about their newsgathering activities. Failing such a ruling, media outfits including the Times insist on the need for a federal "shield law" that would create a privilege for journalists akin to privileges for lawyers, doctors, and priests.

A majority of states have such media protection ordinances on the books. But there's a big problem with journalist shield laws, which advocates have yet to answer. How do you decide who is a journalist? If you create a privilege that applies to a group, someone has to decide who belongs and who doesn't. That's not so hard in the case of lawyers and doctors, who are credentialed by professional organizations and licensed by the government. But as reporters like to remind one another, they're joined together in something more like a trade or a craft than a profession. Journalism does not require any specific training, or institutional certification, or organizational membership, or even regular employment. It's just an activity some people engage in that is protected under the Constitution.

Even before the advent of blogging, the issue of who qualified as a journalist was a tricky one. Were the pamphleteers of the American Revolution journalists? Was Mark Twain? Is Oprah Winfrey? With the proliferation of new modes of communication online, deciding who is and who isn't a journalist has become pretty much impossible. Thanks to the Web, the Jersey barriers separating amateur and professional authors have been replaced with roundabouts and green lights. Until a decade ago, practicing journalism was an intrinsically expensive proposition, requiring either the ability to make a profit or subsidy from a sugar daddy. Today, a limitless number of people with no institutional backing can establish themselves as reporters, analysts, or commentators, abide by whatever rules they prefer, find audiences of varying types and sizes, and perhaps even earn a living. The old A.J. Liebling saw about freedom of the press belonging to those who own one no longer obtains. These days, freedom of the press is available not just in theory but in practice to an unlimited number of individuals.

9.3.05

 

Portugueses são os mais noctívagos do planeta

inquérito na internet em 28 países
Joana Ferreira da Costa

Estudo que envolveu mais de 14 mil pessoas em todo o mundo conclui que cada vez se dorme menos. Oito horas de sono são um luxo acessível a poucos

Os portugueses são o povo mais noctívago do planeta: apenas 25 por cento da população vai para a cama antes da meia-noite. Um estudo realizado pela ACNielsen (multinacional que trabalha na área de informação de "marketing"), ontem divulgado, prova também que oito horas de sono são um luxo acessível a muito poucos.
De acordo com o inquérito - realizado junto de 14.100 pessoas de 28 países através da Internet - 75 por cento dos portugueses deitam-se depois da meia-noite e destes quase 30 por cento só vão para a cama após a 1h00. No segundo lugar na lista dos países mais noctívagos está Taiwan (Formosa), onde 69 por cento da população adormece depois da meia-noite. Um número muito próximo do registado na Coreia (68 por cento).
A quarta posição é ocupada por Hong Kong, onde 35 por cento da população se deita depois da meia-noite e outros 31 por cento só caem na cama após a 1h00. A vizinha Espanha, conhecida pela sua "movida", surge no quinto lugar, com 65 por cento da população a recolher ao quarto já depois das 0h00.
"Dos 10 países onde as pessoas se deitam mais tarde, sete são asiáticos e os outros três mediterrânicos, mais conhecidos pelas suas longas noites e pelas sestas a meio do dia: Portugal, Espanha e Itália", lê-se no estudo. Na região da Ásia e do Pacífico há, contudo, algumas excepções: 24 por cento dos australianos e 19 por cento dos neozelandeses já estão na cama às 22h00.
"As pessoas estão a atrasar a hora de deitar devido à oferta crescente de serviços 24 horas por dia, ao aumento da importância das lojas de conveniência e evidentemente do mundo da Internet, que nunca dorme", diz o responsável de "marketing" da ACNielsen para a Ásia/Pacífico, Lennart Bengtsson.
Já quando se trata de levantar cedo, os indonésios são campeões. No país, 91 por cento da população está acordada antes das 7h00 e 72 por cento ainda antes das 6h00. Também no Vietname e nas Filipinas, 88 e 69 por cento (respectivamente) da população se levanta antes das 7h00. Os dinamarqueses também acordam cedo: 66 em 100 estão a pé antes das 7h00.
Além da Dinamarca, outros quatro países europeus estão entre as 10 nações que começam o dia de madrugada: Alemanha (64 por cento), Áustria (64 por cento), Finlândia (63 por cento) e Noruega (62 por cento). No Japão e a Índia, 64 em cada 100 pessoas estão a pé antes das 7h00.
Como se esperava, devido aos hábitos noctívagos, os habitantes de Taiwan (Formosa) são dos que mais tarde se erguem da cama: há 26 pessoas em cada 100 a acordar depois das 9h00. Mas os que mais horas se abandonam ao sono são os australianos e os neozelandeses, 31 e 28 por cento dos quais, respectivamente, dormem em média nove horas por noite. Um luxo acessível a poucos, sublinham os autores do estudo, para quem os dados mostram que se dorme cada vez menos em todo o mundo. Os japoneses são os mais penalizados, já que 41 em cada 100 dorme apenas seis horas por noite.

Archives

fevereiro 2004   março 2004   abril 2004   maio 2004   junho 2004   julho 2004   agosto 2004   setembro 2004   outubro 2004   novembro 2004   dezembro 2004   janeiro 2005   fevereiro 2005   março 2005   abril 2005   maio 2005   junho 2005   julho 2005   agosto 2005   setembro 2005   novembro 2005   dezembro 2005   janeiro 2006   fevereiro 2006   abril 2006   maio 2006   junho 2006   julho 2006   outubro 2006   janeiro 2008   maio 2008   setembro 2008   outubro 2008   novembro 2008   janeiro 2010  

This page is powered by Blogger. Isn't yours?