Textos da Internet

14.8.05

 

Bases

Dear SFSI, I have never known the "bases." People always talk about reaching bases in a relationship and I never know what the bases actually are. Please help.

Thanks for your question. Realize this is informal and somewhat tongue in cheek, but this is what people usually talk about when talking about getting on "base." The definitions for each base varies by region of the country, so your friends might use slightly different versions.

"Getting Up to the Plate" is your first date or getting to know each other.
"First Base" is kissing (french kissing/heavy)
"Second Base" is heavy petting and genital groping
"Third Base" is orgasm (non intercourse), or all clothes on the floor
"Home Plate/Home Run" is full on intercourse and everything else
"Grand Slam" is a home run with runners on base -- sex with multiple partners
"Bunt" is sacrificing your happiness for your friends
"Steal a base" is getting to the next base without consent (warning: you can get thrown out while attempting to steal)
"Strike out" you never make it to 1st base, take a seat.

13.8.05

 

A Casa do canto aberto

Henrique Custódio (texto)


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Visitar a Casa do Fado e da Guitarra Portuguesa em Lisboa, no Largo Chafariz de Dentro, é descobrir como a canção popular de uma cidade pode substanciar um povo. Ali, os amantes do Fado redescobrem-no na sua quase inesperada profundidade, os leigos são deslumbrados pela sua riqueza cultural. Carlos do Carmo, um homem do Fado que dispensa apresentações, decifrou-nos, pessoalmente, o sortilégio deste Museu.

Com pontualidade britânica, Carlos do Carmo encontrou-se connosco à porta do Museu. É um conversador nato e, tratando-se do Fado, o seu verbo, sempre fluente, ilumina-se com paixão e saber multidisciplinar. Ainda dávamos os primeiros passos na nossa jornada e já esclarecia: «Tudo o que eu disser são opiniões pessoais, porque o fado é um canto aberto e vale por todas as leituras. Esta é só a minha». Posto isto, observou: «Este espaço, para mim, só tem um defeito: foi aberto 30 anos depois. Não apanhou a geração de ouro ainda a funcionar, com quem se faria uma recolha muito mais exaustiva do que aconteceu para trás».
Que recolha? Carlos do Carmo explica, no quadro do seu próprio envolvimento neste projecto. «Estou ligado a isto como está muita gente do fado. Fazia-me muita pena que, sendo o fado uma tradição oral, não existisse em Lisboa um espaço que o cuidasse, como acontece na Argentina com o tango. E, que diabo, quem somos nós para nos darmos ao luxo de termos uma canção de uma cidade e não a preservarmos? Bati-me por isso e, de repente, fiquei feliz quando comecei a sentir que se juntaram ideias e boas vontades no sentido de que o Museu fosse para a frente».
Um juntar de ideias e boas vontades que desembocou em trabalho concreto. Organizou-se um grupo de consultores integrando gente do fado e da museologia - que Carlos do Carmo integra - e, no confluir de conhecimentos e talentos, reuniu-se um vasto e diversificado espólio que se expôs em sequência temática, resultando numa viagem apaixonante pelo Fado, desde as suas origens lendárias à actualidade.


Da tasca ao salão

A primeira paragem da jornada assinala o «berço do fado» através da reprodução de uma viela lisboeta, numa maqueta mostrando a calçada secular, os pregões e a rua, como elemento fundador de uma canção que nasceu livre e popular.
Dali transita-se para uma taberna feita a partir de uma gravura de Rafael Bordalo Pinheiro, de 1873, onde figuras humanas reproduzidas em tamanho natural impressionam pelo seu realismo. Lá está o taberneiro entre tonéis e barricas, por trás de um balcão onde dormita um gato. De pé, canta o «Faia» - boémio fadista do século passado -, escutado atentamente por um espectador sentado à mesa de copo na mão, como se impõe. Em fundo - e accionado pelo próprio visitante - pode ouvir-se uma guitarrada do célebre Armandinho, que Carlos do Carmo, destaca. «Ele foi o grande impulsionador do fado, o homem que rompeu em sonoridades e no modo de acompanhar nos anos 30, de tal sorte que grande parte dos fados ditos clássicos, foio Armandinho que, ao ouvir os seus criadores, os passou para música. Não falo de música de pauta, digo música executada, porque até aí os fados ou eram trauteados ou assobiados. Ele apanhava o rigor da melodia e depois, daí para diante, passaram a fados de estilo. Grande parte deles deve-se a este homem, que morreu em 1948».
O quadro seguinte reproduz um salão fidalgo, onde uma jovem aristocrata canta um fado ao piano. «Não é por acaso que o D. Carlos manda pedir ao José Maria dos Anjos que o vá ensinar a tocar guitarra», afirma o nosso cicerone, acrescentando, irónico: «A genuína aristocracia gostava do povo, ouvia-o e bebia-o, enquanto a burguesia queria era fugir...»


A mentira do «fado-desgraça»

A questão dos géneros do fado é-nos amiudada no painel seguinte, com Carlos do Carmo a tomar uma posição clara: «Esta coisa que se instituiu de que o fado canta a desgraça, a tristeza, etc., é mentira, porque o fado tem estas três vertentes aqui expostas: o Fado Menor, que é triste, o fado Mouraria, que é afirmativo, e o Fado Corrido, que é alegre, foi mesmo dançável e dançado. Portanto, depende do atirador. Por exemplo, grande parte do meu repertório é alegre e positivista, características que fui buscar às componentes do fado. Também canto fados tristes, já não aguento é ouvir dizer a vida inteira que o fado é decadente, triste e choradinho. Não é. Está aqui o exemplo, com estes três tipos de melodia que cada fadista constrói. Depois, é uma questão de escolha nos repertórios».
Nem de propósito: no quadro seguinte surgem as «cegadas», com uma preciosa documentação fotográfica desta manifestação popular típica de Lisboa dos anos 20 e 30, onde se cantava e dançava o fado na rua e que acabou por sucumbir à censura. «Há bocado falava do fado corrido e dançável. Cá está. Nas "cegadas", o balanço do fado existia e era dançado», sorriu-nos o nosso anfitrião, que aproveitou para mergulhar nas raízes populares da canção de Lisboa: «O fado é intrinsecamente uma canção do povo e todas as suas componentes criativas, desde o traje ao que quer que seja, são eminentemente populares».


Seis quadros
de uma exposição

Seguem-se seis quadros temáticos, «neles se apresentando o fado como fenómeno transversal e multidisciplinar da nossa cultura», no dizer do próprio Museu. Lá está, sucessivamente, «o fado no teatro de revista», «o fado na rádio», «a discografia do fado», «o fado no cinema», «o fado na televisão» e uma «oficina de construção de guitarras». Esta última apresenta a reprodução em tamanho natural do guitarreiro debruçado sobre a sua bancada e entre ferramentas várias do ofício, tudo doado e construído por um destes artífices ainda no activo, o mestre Gilberto Grácio. Volta a impressionar pelo realismo.
Quanto aos cinco quadros anteriores, todos são apresentados com os mais diversos materiais de época e com suporte audiovisual nos casos da rádio, cinema e televisão, sempre fazendo mostra de autênticas relíquias. Hermínia Silva («na minha perspectiva, a grande figura, única, ímpar, do fado de revista, um autêntico "bicho de palco"») foi uma das personalidades destacadas por Carlos do Carmo neste painel, a par de Alfredo Marceneiro e Joaquim Campos, este último «um homem de grande talento e simplicidade, funcionário da CP, autor da música do fado Vitória, esse fabuloso fado "Povo que Lavas no Rio", e outras melodias muito fortes». E ainda Berta Cardoso, «a única fadista que eu conheci que tinha um hábito diário de leitura e se a ouvirmos, reparamos que há uma dicção por onde passa uma certa forma de preparação. Não era por acaso que as coisas eram ditas assim... É uma figura que o fado tem ainda de saber tratar melhor. Acho que merece ser repesquisada».
O Fado de Coimbra também marca a sua presença, numa homenagem que assinala os seus traços distintivos do fado de Lisboa, a começar na afinação dos instrumentos e na sua própria construção.


Um Museu em movimento

O corredor que se segue conduz-nos a uma galeria das vozes do fado, onde podemos apreciar fotografias de inúmeros fadistas em momentos marcantes das respectivas carreiras, articulada com secções reservadas ao fado na imprensa (com recortes e originais únicos), aos letristas do fado e à internacionalização do fado, roteiro que fecha da melhor maneira: o visitante é convidado a entrar na recriação de uma casa típica de fado, com capacidade para 36 pessoas sentadas, com um palco ao fundo «habitado» por um par de fadistas à desgarrada e a projecção de filmes originais com interpretações ao vivo de grandes figuras do fado.
Mas o museu não se fica pela exibição estática, pelo «espaço morto», no dizer de Carlos do Carmo, e ele próprio nos conduz às iniciativas que ali regularmente decorrem, como a actual exposição itinerante sobre a guitarra portuguesa, onde desfilam os nomes de várias gerações de geniais construtores, e que veio substituir uma outra sobre o xaile. Este espaço de exposição articula-se com outros, igualmente vivos e dinâmicos, como o auditório para 90 pessoas, «onde se tem passado tudo o que se possa imaginar, desde homenagens a grandes fadistas, convívios, palestras, debates, até à câmara ardente, como aconteceu no funeral da minha mãe, que para aqui trouxe no caixão e daqui partiu». Outra zona fundamental do museu é a loja que ali funciona permanentemente, comerciando, num atendimento personalizado, tudo o que se relacione com o fado: discografia, bibliografia, adereços, instrumentos musicais, etc., numa oferta que dá resposta a todas as solicitações, nem que seja para atestar a inexistência de um produto no mercado. Carlos do Carmo destaca também a importância da base de dados construída no museu e exemplifica: «Um dia um estudante quer fazer uma tese sobre o fado, chega aqui, carrega numa tecla e obtém de imediato toda a informação».
E o Museu não pára: para já, está prevista a instalação de uma escola de guitarra na cave e uma cafetaria no 1º andar, para conforto de todos os seus utentes.



Manuel da Fonseca e Martinho d'Assunção


Carlos do Carmo relatou-nos histórias deliciosas. Como a que se segue.
«Quando veio o 25 de Abril, o grande violista Martinho d'Assunção tocava no Faia, a casa de fados que eu tinha com a minha mãe. Era um admirador assumido do Partido Socialista e quando o apresentei ao Manuel da Fonseca, numa das suas visitas à casa, o Martinho, sem que ninguém lhe perguntasse nada, estica a lapela e mostra o emblema do PS, revira-a e apresenta um autocolante e, não satisfeito, rapa da carteira para exibir mais um símbolo do PS. Resposta imediata do Manel: «Homem, caramba! Tão socialista, tão socialista, você é quase comunista!». Na altura foi uma gargalhada geral, mas o que tem graça nisto tudo é que o Martinho, mais tarde, tornou-se mesmo comunista, além de um grande amigo do Manel!



E foi no Chafariz de Dentro...

A Casa do Fado e da Guitarra Portuguesa - popularmente conhecida por Museu do Fado - está instalada no Edifício do Recinto da Praia, uma antiga estação elevatória de águas do século XIX devidamente recuperada para o efeito.

O Museu localiza-se no Largo Chafariz de Dentro, no Bairro de Alfama, e foi inaugurado a 25 de Setembro de 1998. A recuperação e reabilitação do edifício onde se instalou o Museu foram promovidas pelo Pelouro da Reabilitação Urbana da Câmara de Lisboa através da empresa municipal EBHAL - Equipamentos dos Bairros Históricos de Lisboa, num projecto arquitectónico dos Arqºs José Santa-Rita e João Santa-Rita.

A Casa do Fado e da Guitarra Portuguesa funciona das 10h00 às 18h00 e encerra à terça-feira. As reservas e mais informações sobre visitas poderão ser solicitadas pelo telefone 21 882 34 70 ou através do fax 21 882 34 78.


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«Avante!» Nº 1369 - 24.Fevereiro.2000

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